sexta-feira, 31 de maio de 2013

PÁSSAROS - Traços dominantes - Classificação - Biologia, ZOOLOGIA, Trabalho Escolar.


PÁSSAROS

Admirados pela beleza de seu canto ou pelo colorido da plumagem, os pássaros podem ser vistos e ouvidos em todas as regiões do planeta, com exceção da Antártica. A diversidade de sua aparência, do vôo, dos hábitos e demais traços biológicos é fonte permanente de saber para os especialistas e de alegria para os amadores.
Pássaros, ou passarinhos, são os integrantes da ordem mais representativa da classe das aves, a dos passeriformes, que reúne cerca de cinqüenta famílias e mais de cinco mil espécies, de tamanho geralmente reduzido em comparação com outras aves.


Traços dominantes. Os pássaros têm as patas adaptadas à necessidade de empoleirar-se, com três dedos para a frente e um, maior, para trás (chamado hálux). O bico é desprovido de ceroma, membrana que reveste a base do bico das outras aves. Como estas, os pássaros contam com um órgão vocal, a siringe, que em seu caso é mais complexo, para facilitar o canto-- habilidade desenvolvida apenas pelos machos -- ou o grito. Também são características dos pássaros a feitura de ninhos mais elaborados, o modo de voar em que as asas são movidas como remos e a vida quase sempre arborícola. O regime alimentar, no entanto, é menos específico e, como inclui mais insetos do que grãos ou frutos, confere-lhes grande utilidade no equilíbrio dos ecossistemas dominados pelo homem.
A plumagem, muitas vezes de cores vivas e brilhantes como, no Brasil, as do galo-da-serra e saíras, e, na Indonésia, a da ave-do-paraíso, pode também ser discreta, como em algumas das espécies de canto mais apreciado, entre as quais o rouxinol europeu e a garriça e o curió sul-americanos. A coloração percorre todos os matizes, do negro esplêndido nos corvos e melros ou graúnas até a alvura de algumas variedades de canário, passando pelo vermelho intenso do tié-sangue, os vários tons de azul do sanhaço e assim por diante.
O bico dos pássaros é de conformação anatômica igualmente variável, segundo a adaptação à dieta predominante: são finos nos insetívoros -- e até recurvos, particularmente aguçados nos arapaçus -- ou mais fortes, espessos nos granívoros, às vezes aptos a romper a casca de duros frutos secos como o pinhão e a avelã, para lhes retirar as sementes.
Em quase todas as espécies de passeriformes o macho é maior e mais vistoso do que a fêmea. Os ninhos, em geral, são feitos a céu aberto, trançados com gravetos, palha, raízes e outros materiais, em forma de concha ou bolsa pendente, ou são construídos com terra úmida, como um forno de um ou mais compartimentos, no caso do joão-de-barro (Furnarius rufus). Em outras espécies a postura efetua-se no interior de galerias cavadas no solo. Os filhotes nascem cegos, pelados e, dentro da boca que escancaram, trazem diversos pontos de forte colorido que servem para orientar a tarefa da alimentação, exercida tanto pela mãe como pelo pai.
Com exceção dos gelos da Antártica, existem pássaros em todos os habitats da Terra, em todos os climas e altitudes, no interior dos continentes ou nas zonas litorâneas, mas sua distribuição geográfica privilegia as regiões mais quentes, para onde migram no inverno muitas espécies dos países frios, como as andorinhas. Só em terras brasileiras se conhecem mais de 1.500 espécies de pássaros e cerca de 2.500 subespécies.


Classificação. A ordem dos passeriformes divide-se em duas subordens, segundo se verifique ou não a presença de um vínculo entre o tendão do músculo que flexiona os dedos dianteiros e o do hálux. São, respectivamente, os pássaros desmodáctilos e os eleuterodáctilos. A primeira dessas subordens apresenta uma única família, a dos eurilaimídeos, no Oriente, e a segunda abrange todos os outros passeriformes, classificados em duas infraordens -- a dos mesomiódios e a dos acromiódios, conforme a menor ou maior complexidade muscular de sua siringe.
Outras distinções anatômicas levaram os ornitólogos a subdividir os mesomiódios em duas superfamílias, a dos haploófones e a dos traqueófones. A primeira inclui oito famílias --  quatro das quais apenas das Américas: cotingídeos (como a araponga), piprídeos (como o tangará), tiranídeos (como o bem-te-vi) e oxiruncídeos (de uma só espécie, o chibante) -- e a segunda, cinco: furnarídeos (como o joão-de-barro), dendrocolaptídeos (como o arapaçu), formicarídeos (como a tovacuçu), conopofagídeos (como o chupa-dente) e rinocriptídeos (de nenhum ou raros exemplos com nome em português).
Os acromiódios dividem-se em duas superfamílias: subóscines -- com a família dos atricornitídeos e a dos menurídeos (pássaro-lira) -- e óscines, que envolve as famílias da maioria das espécies canoras propriamente ditas, entre as quais a dos turdídeos (rouxinol, sabiá), a dos fringilídeos (canário, pintassilgo, bicudo, curió, tico-tico), e a dos trogloditídeos (garriça, uirapuru).
Outras importantes famílias de pássaros são os corvídeos, representados pelo célebre corvo do hemisfério norte, pela pega e, nos países sul-americanos, por diversas espécies de gralha; os traupídeos, que compreendem cerca de trinta gêneros e setenta espécies, como o tiê, o sanhaço e as saíras; os hirundinídeos, das andorinhas, que capturam os insetos em pleno vôo; os mimídeos, a que pertence o sabiá-da-praia; os icterídeos, de numerosos passarinhos brasileiros como o chopim, o pássaro-preto ou graúna, o dócil corrupião ou sofrê (ao qual, no Brasil, se ensina a assobiar até acordes do hino nacional), o xexéu e o guaxe; os parulídeos, que reúnem os sebinhos e mariquitas; os ploceídeos, como o pardal; e os paradiseídeos, das aves-do-paraíso.
Há ainda famílias de pássaros de distribuição quase exclusivamente européia, como a dos motacilídeos (em que se inclui a cotovia, de tantas alusões literárias) e a dos esturnídeos (a que pertencem os estorninhos), ou características da fauna peculiar à Austrália e outras regiões isoladas do planeta. Nas últimas décadas do século XX, o desenvolvimento da consciência ecológica concedeu aos pássaros um lugar primordial em sua escala de preocupações e iniciativas. A partir dessa época, em quase todos os países, ao mesmo tempo que se passou a censurar e desestimular a prática da criação de pássaros em cativeiro, começaram-se a divulgar instruções para a observação e atração dos pássaros em liberdade, por meio de binóculos e outros meios apropriados, assim como seu registro fotográfico ou cinematográfico, e a gravação de seus cantos -- pioneiramente realizada, no Brasil, pelo ornitólogo Dalgas Frisch.

PÁSSAROS - Trabalho Escolar.


PÁSSAROS

Admirados pela beleza de seu canto ou pelo colorido da plumagem, os pássaros podem ser vistos e ouvidos em todas as regiões do planeta, com exceção da Antártica. A diversidade de sua aparência, do vôo, dos hábitos e demais traços biológicos é fonte permanente de saber para os especialistas e de alegria para os amadores.
Pássaros, ou passarinhos, são os integrantes da ordem mais representativa da classe das aves, a dos passeriformes, que reúne cerca de cinqüenta famílias e mais de cinco mil espécies, de tamanho geralmente reduzido em comparação com outras aves.


Traços dominantes. Os pássaros têm as patas adaptadas à necessidade de empoleirar-se, com três dedos para a frente e um, maior, para trás (chamado hálux). O bico é desprovido de ceroma, membrana que reveste a base do bico das outras aves. Como estas, os pássaros contam com um órgão vocal, a siringe, que em seu caso é mais complexo, para facilitar o canto-- habilidade desenvolvida apenas pelos machos -- ou o grito. Também são características dos pássaros a feitura de ninhos mais elaborados, o modo de voar em que as asas são movidas como remos e a vida quase sempre arborícola. O regime alimentar, no entanto, é menos específico e, como inclui mais insetos do que grãos ou frutos, confere-lhes grande utilidade no equilíbrio dos ecossistemas dominados pelo homem.
A plumagem, muitas vezes de cores vivas e brilhantes como, no Brasil, as do galo-da-serra e saíras, e, na Indonésia, a da ave-do-paraíso, pode também ser discreta, como em algumas das espécies de canto mais apreciado, entre as quais o rouxinol europeu e a garriça e o curió sul-americanos. A coloração percorre todos os matizes, do negro esplêndido nos corvos e melros ou graúnas até a alvura de algumas variedades de canário, passando pelo vermelho intenso do tié-sangue, os vários tons de azul do sanhaço e assim por diante.
O bico dos pássaros é de conformação anatômica igualmente variável, segundo a adaptação à dieta predominante: são finos nos insetívoros -- e até recurvos, particularmente aguçados nos arapaçus -- ou mais fortes, espessos nos granívoros, às vezes aptos a romper a casca de duros frutos secos como o pinhão e a avelã, para lhes retirar as sementes.
Em quase todas as espécies de passeriformes o macho é maior e mais vistoso do que a fêmea. Os ninhos, em geral, são feitos a céu aberto, trançados com gravetos, palha, raízes e outros materiais, em forma de concha ou bolsa pendente, ou são construídos com terra úmida, como um forno de um ou mais compartimentos, no caso do joão-de-barro (Furnarius rufus). Em outras espécies a postura efetua-se no interior de galerias cavadas no solo. Os filhotes nascem cegos, pelados e, dentro da boca que escancaram, trazem diversos pontos de forte colorido que servem para orientar a tarefa da alimentação, exercida tanto pela mãe como pelo pai.
Com exceção dos gelos da Antártica, existem pássaros em todos os habitats da Terra, em todos os climas e altitudes, no interior dos continentes ou nas zonas litorâneas, mas sua distribuição geográfica privilegia as regiões mais quentes, para onde migram no inverno muitas espécies dos países frios, como as andorinhas. Só em terras brasileiras se conhecem mais de 1.500 espécies de pássaros e cerca de 2.500 subespécies.


Classificação. A ordem dos passeriformes divide-se em duas subordens, segundo se verifique ou não a presença de um vínculo entre o tendão do músculo que flexiona os dedos dianteiros e o do hálux. São, respectivamente, os pássaros desmodáctilos e os eleuterodáctilos. A primeira dessas subordens apresenta uma única família, a dos eurilaimídeos, no Oriente, e a segunda abrange todos os outros passeriformes, classificados em duas infraordens -- a dos mesomiódios e a dos acromiódios, conforme a menor ou maior complexidade muscular de sua siringe.
Outras distinções anatômicas levaram os ornitólogos a subdividir os mesomiódios em duas superfamílias, a dos haploófones e a dos traqueófones. A primeira inclui oito famílias --  quatro das quais apenas das Américas: cotingídeos (como a araponga), piprídeos (como o tangará), tiranídeos (como o bem-te-vi) e oxiruncídeos (de uma só espécie, o chibante) -- e a segunda, cinco: furnarídeos (como o joão-de-barro), dendrocolaptídeos (como o arapaçu), formicarídeos (como a tovacuçu), conopofagídeos (como o chupa-dente) e rinocriptídeos (de nenhum ou raros exemplos com nome em português).
Os acromiódios dividem-se em duas superfamílias: subóscines -- com a família dos atricornitídeos e a dos menurídeos (pássaro-lira) -- e óscines, que envolve as famílias da maioria das espécies canoras propriamente ditas, entre as quais a dos turdídeos (rouxinol, sabiá), a dos fringilídeos (canário, pintassilgo, bicudo, curió, tico-tico), e a dos trogloditídeos (garriça, uirapuru).
Outras importantes famílias de pássaros são os corvídeos, representados pelo célebre corvo do hemisfério norte, pela pega e, nos países sul-americanos, por diversas espécies de gralha; os traupídeos, que compreendem cerca de trinta gêneros e setenta espécies, como o tiê, o sanhaço e as saíras; os hirundinídeos, das andorinhas, que capturam os insetos em pleno vôo; os mimídeos, a que pertence o sabiá-da-praia; os icterídeos, de numerosos passarinhos brasileiros como o chopim, o pássaro-preto ou graúna, o dócil corrupião ou sofrê (ao qual, no Brasil, se ensina a assobiar até acordes do hino nacional), o xexéu e o guaxe; os parulídeos, que reúnem os sebinhos e mariquitas; os ploceídeos, como o pardal; e os paradiseídeos, das aves-do-paraíso.
Há ainda famílias de pássaros de distribuição quase exclusivamente européia, como a dos motacilídeos (em que se inclui a cotovia, de tantas alusões literárias) e a dos esturnídeos (a que pertencem os estorninhos), ou características da fauna peculiar à Austrália e outras regiões isoladas do planeta. Nas últimas décadas do século XX, o desenvolvimento da consciência ecológica concedeu aos pássaros um lugar primordial em sua escala de preocupações e iniciativas. A partir dessa época, em quase todos os países, ao mesmo tempo que se passou a censurar e desestimular a prática da criação de pássaros em cativeiro, começaram-se a divulgar instruções para a observação e atração dos pássaros em liberdade, por meio de binóculos e outros meios apropriados, assim como seu registro fotográfico ou cinematográfico, e a gravação de seus cantos -- pioneiramente realizada, no Brasil, pelo ornitólogo Dalgas Frisch.

MAMÍFEROS - Características anatômicas e fisiológicas - Biologia, ZOOLOGIA, Trabalho Escolar.


MAMÍFEROS

O desaparecimento dos grandes répteis, há dezenas de milhões de anos, na era mesozóica, assinalou o começo da ascensão de pequenos animais, tímidos e ariscos -- os mamíferos -- que, ao contrário do que se poderia supor, tornaram-se os herdeiros dos imponentes sáurios que até então haviam reinado como senhores absolutos na Terra. Ao longo de centenas de séculos, esses animais diversificaram-se assombrosamente e progrediram em todos os meios, tanto nos oceanos (onde alguns, como a baleia azul e o cachalote alcançaram enorme tamanho) como em terra firme (com espécies da estatura do elefante) e também no ar.


Características anatômicas e fisiológicas
Os mamíferos são animais vertebrados homeotérmicos, ou seja, sua temperatura interna mantém-se constante dentro de certos limites, independentemente da temperatura ambiente, assim como se dá com as aves. Descendente dos répteis, essa grande classe zoológica apresenta as seguintes características: uma formação tegumentária (de tecidos) típica; o pêlo, que protege a pele e isola o animal do frio; e as chamadas glândulas mamárias ou mamas, presentes nas fêmeas. Essas mamas produzem uma secreção líquida rica em gorduras e proteínas, o leite, com o qual as fêmeas alimentam suas crias nas primeiras fases do desenvolvimento.
A distribuição, tamanho e cor do pêlo variam amplamente de um grupo de mamíferos para outro: em alguns, como nas baleias, desapareceu quase por completo; em outros, como nos elefantes, é muito escasso; e em certas espécies, como no boi almiscarado e no iaque, a pelagem é longa e densa. Algumas espécies, habitantes de zonas frias, apresentam dois tipos distintos de pelagem: uma de inverno, mais clara e densa, e outra de verão, mais escura. Vários mamíferos apresentam manchas no pêlo, muitas vezes de grande beleza, como ocorre com certos felídeos e antílopes, e com as girafas, as zebras etc. A cor e a disposição dessas manchas, que chamam atenção fora de seu ambiente, contribuem para disfarçar a silhueta do animal quando em seu habitat natural, facilitando a camuflagem.
Certos mamíferos, como os pangolins e os tatus, têm o corpo revestido por um conjunto de escamas córneas em forma de armadura, o que constitui excelente proteção, dada a extrema dureza dessas estruturas. Além disso, aparecem nos mamíferos outros tipos de formação tegumentária, como as garras, grandes e afiadas nos felídeos maiores; os cascos dos ungulados, que possibilitam a corrida rápida, com que escapam dos predadores; e os chifres e galhadas, muito variados quanto à forma e estrutura, desde o chifre fibroso e permanente do rinoceronte até as formações de tecido conjuntivo dos veados, providas de numerosas ramificações que caem e se renovam todos os anos.
Na pele dos mamíferos existem muitas glândulas, desde as mamárias, muito especializadas e que alcançam notável desenvolvimento, até as odoríferas. Estas últimas variam em sua localização nas diferentes espécies: nos veados, encontram-se nos olhos; nos porcos e javalis, nos cascos; em muitos roedores, perto dos órgãos genitais; e nos castores e gambás, perto do ânus. Entre as várias funções das glândulas odoríferas destacam-se a marcação de território, a comunicação com outros membros da espécie, a atração sexual e a defesa.
Uma característica fundamental da fisiologia dos mamíferos é sua homeotermia: a capacidade de manter estável a temperatura corporal, de forma que não se produzam grandes oscilações, independentemente das alterações da temperatura ambiente. Essa capacidade deve-se à presença de diversos mecanismos termorreguladores, tais como o tremor, que consiste em contrações musculares involuntárias que geram calor quando a temperatura exterior cai; a vasoconstrição, ou estreitamento do calibre dos vasos sangüíneos, que evita a perda de calor; a sudorese ou secreção de soluções salinas -- que não se registra em alguns mamíferos, como os cetáceos e os sirênios, por não possuírem glândulas sudoríparas; e a vasodilatação, ou aumento do calibre dos vasos, sendo essas últimas empregadas para reduzir a temperatura corporal quando sobe a temperatura ambiente.
Além desses meios termorreguladores, existem outros, como a hibernação e a letargia, pelas quais a atividade do animal decresce de forma considerável, possibilitando que ele passe o inverno com um gasto de energia mínimo. As migrações, a construção de abrigos e tocas etc., são outros recursos, nesse caso determinados pelo comportamento, para enfrentar condições ambientais adversas.
Ainda que a estrutura do esqueleto corresponda a um padrão geral cujas características básicas estão presentes em todos os mamíferos, existem variações quanto ao número de vértebras (com exceção das cervicais, que mantêm uma constância notável na imensa maioria dos grupos) e de costelas, assim como na forma e número dos ossos dos dedos etc. Caso específico é o dos marsupiais, nos quais aparece, à altura da cintura pélvica, os chamados epipúbis, ossos exclusivos desse grupo, que servem para sustentar o marsúpio, ou bolsa marsupial, onde os filhotes completam seu desenvolvimento.
A morfologia e configuração das extremidades difere nos grupos, devido à adaptação a uma ampla gama de meios ecológicos. Assim, nos morcegos, os dedos das extremidades anteriores alongaram-se de maneira considerável e, ao longo da evolução, desenvolveu-se uma membrana que permite que esses animais voem. Os cetáceos e os sirênios (por exemplo, os manatis ou peixes-bois, que, apesar do nome, não são peixes, e sim mamíferos), como conseqüência de sua colonização em meio aquático, tiveram as extremidades anteriores transformadas em nadadeiras, mais adequadas para a natação, e perderam as posteriores. Modificações similares experimentaram os pinípedes (focas e morsas, entre outros), por motivos análogos.
Os mamíferos terrestres apresentam variações no ponto distal de suas extremidades (porção mais distante do eixo do corpo), relacionadas com o tipo de marcha em que se especializaram os diferentes grupos. Assim, alguns, como os primatas e os ursos, são plantígrados (apóiam toda a planta do pé ao andarem); os cães, raposas, hienas, felídeos e vários outros são digitígrados (apóiam somente os dedos, sendo melhores corredores que os plantígrados); e, por último, os ruminantes -- javalis, rinocerontes e outros herbívoros -- são ungulígrados (o último osso do dedo é rodeado por uma formação córnea especial denominada casco). Os ungulígrados ou ungulados apresentam redução no número de dedos, que pode ser par, como nos artiodáctilos (veados, bois etc.) ou ímpar, como nos perissodáctilos (antas, cavalos). Nos eqüídeos, entre os quais se inclui o cavalo, houve a maior redução, restando apenas um dedo (casco) por extremidade.
A dentição também varia segundo os grupos e o tipo de alimentação a que se habituaram. Enquanto alguns mamíferos, como as baleias, carecem de dentes e mostram em seu lugar uma série de barbatanas ou lâminas especializadas na filtragem do plâncton, outros, como os carnívoros, contam com incisivos e caninos de grande tamanho e poderosos molares providos de uma proeminência para mastigar melhor a carne de suas presas. Nos herbívoros, adquirem especial relevância os molares e pré-molares com amplas superfícies de mastigação, para a trituração da erva e dos tecidos vegetais que constituem sua dieta.
A maior parte dos mamíferos apresenta duas dentições: uma, característica do primeiro período de vida, denominada de leite; e outra, a dentição permanente, que substitui a anterior. Entre as exceções, destacam-se o ornitorrinco, os cachalotes e as preguiças, nos quais só se registra uma dentição. Os animais desse grupo recebem o nome de monofiodontes, em contraposição aos mamíferos com duas dentições ou difiodontes.
Diferentes tipos de dieta impõem, logicamente, variações no sistema digestivo. Os mamíferos herbívoros requerem, para um melhor aproveitamento da erva e dos produtos vegetais que consomem, longos intestinos e, como ocorre com os ruminantes, estômagos especiais integrados por várias cavidades, cada uma das quais com uma função específica na digestão. Essas cavidades se denominam: rume ou pança; retículo ou barrete; folhoso; e coalheira ou coagulador. A verdadeira digestão se realiza na coalheira, já que as outras são câmaras onde se armazena e filtra o alimento.
Os principais órgãos do aparelho respiratório dos mamíferos, onde se verifica o intercâmbio gasoso entre o sangue e o meio exterior, são os pulmões, formados por lobos constituídos de pequenas cavidades ou alvéolos, percorridos por uma densa rede de capilares sangüíneos. O ar procedente do exterior chega até os alvéolos por meio de uma série de condutos, como a faringe, a laringe, a traquéia, os brônquios e os bronquíolos.
A circulação é dupla (existe um circuito pulmonar e outro que percorre o resto do organismo) e, nela, o sangue arterial e o venoso não se misturam. O coração, como ocorre também nas aves, divide-se em quatro compartimentos: dois superiores (aurículas) e dois inferiores (ventrículos).
Os mamíferos possuem um sistema nervoso completo e muito desenvolvido, responsável por suas diferentes possibilidades de comportamento, apresentando, em muitos casos, elevada capacidade para o aprendizado e a relação com outros indivíduos de sua espécie. Destaca-se, por sua importância, a evolução do encéfalo, em cuja superfície externa se forma o córtex cerebral, verdadeiro centro de associação de impulsos nervosos, que alcança sua máxima perfeição no homem.
Na imensa maioria das espécies atuais, a reprodução se caracteriza pela formação, dentro do corpo da fêmea, de uma placenta, estrutura orgânica que põe em contato o embrião e o útero materno e através da qual se efetua a alimentação embrionária. Alguns mamíferos, como os ornitorrincos, são ovíparos, ou seja, reproduzem-se por ovos, enquanto outros, caso dos marsupiais, são providos de uma bolsa ou marsúpio, onde a cria completa seu desenvolvimento.
Classificação
A classe dos mamíferos se subdivide, segundo as características anteriormente mencionadas, em três grandes subclasses: a dos prototérios, ovíparos; a dos metatérios, formada pelos marsupiais; e a dos eutérios ou placentários, com 16 ordens.
Prototérios ou mamíferos ovíparos. A subclasse dos mamíferos prototérios, a mais arcaica, é constituída por uma única ordem, a dos monotremados, de que fazem parte o eqüidna e o ornitorrinco, um singular animal aquático da Austrália que possui bico plano, cauda semelhante à do castor e patas curtas e fortes. Os monotremados caracterizam-se por ter uma cloaca em que desembocam tanto o tubo digestivo como as vias urinárias e os condutos genitais.
Metatérios ou mamíferos marsupiais. Os marsupiais se acham confinados, em sua maioria, na Austrália, Nova Zelândia e Nova Guiné, com exceção de algumas espécies, como as sarigüéias, encontradas na América do Norte e grande parte da América do Sul, e outras como a cuíca-d"água, sul-americana. São marsupiais os coalas, diabos-da-tasmânia e cangurus, entre outros. Esses animais adaptaram-se a diversos tipos de habitats, do arborícola ao terrestre, passando pelo aquático.
Eutérios ou mamíferos placentários. A subclasse mais importante dos mamíferos é a dos eutérios ou placentários, tanto pelo número de espécies quanto pelo desenvolvimento, diversidade de adaptações e distribuição que alcançaram. Dos oceanos e águas continentais ao espaço aéreo, das montanhas e regiões polares aos desertos, estepes, savanas, selvas e bosques, não existe um habitat a que não se tenha adaptado de um modo ou de outro alguma espécie de mamífero placentário.
Esses animais cobrem uma ampla gama de ecossistemas e formas de vida: há os planadores como os dermópteros (Cynocephalus volans e Galeopterus variegatus) ou autênticos voadores, como os quirópteros (morcegos e vampiros); aquáticos como os cetáceos (baleias e golfinhos, entre outros), os sirênios (manatis e dugongos) ou os pinípedes (subordem dos carnívoros que compreende focas, morsas etc.); arborícolas, como a maioria dos primatas, preguiças e outros; cavadores, como muitos roedores, lagomorfos (coelhos) e insetívoros (toupeiras); herbívoros corredores, como cavalos, zebras, antílopes e muitos outros; grandes fitófagos (de dieta vegetariana) de corpo volumoso e maciço, como os elefantes, rinocerontes e hipopótamos; e ferozes carnívoros, entre os quais os mais poderosos felídeos, como o leão e o tigre.
Os mamíferos placentários se subdividem nas seguintes ordens: dermópteros, tubulidentados, folídotos, hiracoídeos, sirênios, cetáceos, proboscídeos, artiodáctilos, perissodáctilos, roedores, lagomorfos, carnívoros, insetívoros, quirópteros, edentados (ou desdentados) e primatas.
Entre essas ordens, as menores, tanto pelo reduzido número de espécies que incluem como por sua distribuição restrita, são a dos dermópteros, de pequeno tamanho, vegetarianos e planadores, como os lêmures voadores ou colugos; a dos tubulidentados, como o aardvark ou oricteropodídeo, noturno e próprio da savana africana; a dos folídotos, ou pangolins, com o corpo coberto de placas; e a dos hiracoídeos, pequenos e parecidos com os roedores.
Os mamíferos aquáticos compreendem duas ordens: a dos sirênios, de corpo fusiforme e maciço, como os manatis e dugongos; e a dos cetáceos, com as extremidades anteriores transformadas em nadadeiras e as posteriores inexistentes ou muito reduzidas, da qual fazem parte o golfinho, o narval, as baleias e os cachalotes.
Os herbívoros terrestres de tamanho médio ou grande pertencem em sua maioria a uma das três ordens seguintes: a dos proboscídeos, com tromba ou probóscide, como os elefantes; a dos artiodáctilos, com número par de dedos, que conta com numerosas famílias e espécies, entre estas o javali, o porco, o hipopótamo, o camelo, as lhamas, os veados, o alce, a rena, o gamo, a girafa, os antílopes, a ovelha, a cabra, a vaca, o bisão e o búfalo; e a dos perissodáctilos, com número ímpar de dedos, da qual alguns representantes, como o cavalo ou a zebra, são perfeitamente adaptados para corridas, enquanto outros, como os rinocerontes, são corpulentos e maciços.
Os roedores e lagomorfos apresentam muitas características semelhantes, a ponto de, até pouco tempo, serem englobados numa mesma ordem. No entanto, certos detalhes de sua dentição fizeram com que fossem separados em duas ordens. Os lagomorfos incluem coelhos e lebres, e os roedores constituem um grupo muito diversificado que alcançou elevado grau de evolução, com espécies como o rato comum, o hamster, os esquilos, o gerbo, a chinchila, a cobaia e a capivara. Esta última, sul-americana, é o maior dos roedores.
A ordem dos carnívoros engloba famílias conhecidas como a dos felídeos (tigre, leão, leopardo, puma, jaguar ou onça, lince etc.) e a dos canídeos (cão, lobo, coiote, chacal). A essa ordem pertencem também os ursos, a hiena, o mangusto, a doninha, o arminho, o texugo e o rato.
Os insetívoros são mamíferos pequenos, entre os quais encontram-se o ouriço e a toupeira, esta última grande cavadora. Os quirópteros são placentários voadores, muitos dos quais capturam insetos no ar por ecolocalização (emissão de ultra-sons que se refletem ao alcançar a presa e são captados pelo animal); outros são frugívoros (alimentam-se de frutas) ou ainda hematófagos (sugadores de sangue). No grupo dos desdentados estão as preguiças e tatus sul-americanos e o urso formigueiro.
A última ordem, a dos primatas, compreende os prossímios (lêmures, lóris, gálagos) e os símios ou antropóides. Estes, por sua vez, estão agrupados em catarrinos, ou macacos do Velho Mundo, com os orifícios nasais abertos para baixo, como o mandril, o babuíno, o macaco, o gibão, o orangotango, o gorila e o chimpanzé; e platirrinos, ou macacos americanos, com um septo nasal largo e orifícios nasais abertos para a frente, como o macaco-aranha, o sagüi, o macaco uivador, o uacari etc

INSETOS - Sentidos - Aparelho digestivo - Reprodução - Larvas e ninfas - Anatomia e fisiologia - Cabeça - Fisiologia - Sistema nervoso - Aparelho bucal - Tórax - Abdome - Biologia, ZOOLOGIA, Trabalho Escolar.


INSETOS


Um dos capítulos mais interessantes da zoologia é o estudo dos insetos, invertebrados que têm a capacidade de adaptar-se aos mais diversos meios ambientes e que podem, dependendo de seus equilíbrios populacionais e de seus hábitos alimentares, ser úteis ou prejudiciais ao homem.
A classe dos insetos é constituída por animais do filo dos artrópodes, caracterizados por ter o corpo dividido em cabeça, tórax e abdome, possuir três pares de patas e apresentar quase sempre um ou dois pares de asas. Além disso, são dotados de eficientes órgãos sensoriais e elevada capacidade reprodutiva. Com mais de um milhão de espécies catalogadas e certamente muitas outras a serem descobertas, formam a classe mais numerosa do reino animal.
A entomologia é o ramo da zoologia que estuda os insetos, classificados em duas subclasses, a dos apterigotos e a dos pterigotos. Os primeiros, subdivididos em quatro ordens, não sofrem metamorfose para se desenvolverem; as formas jovens, idênticas às adultas, simplesmente mudam de pele e crescem; são ápteros (sem asas); e seus segmentos abdominais apresentam apêndices rudimentares, estiliformes. Já os pterigotos, que abrangem a grande maioria dos insetos, adquirem a forma adulta através de metamorfose, completa ou incompleta, e normalmente são dotados de asas. O número de ordens dessa subclasse varia conforme os autores, mas em geral são admitidas 26.
Os insetos podem ser solitários, como as baratas, grilos e besouros; ou sociais, como as vespas e formigas. Podem também ser importante fonte de renda para criadores, como as abelhas e o bicho-da-seda, ou constituir uma ameaça direta para a agricultura e a pecuária, com reflexos diretos na oferta mundial de alimentos, como os gafanhotos e várias espécies de pulgões. Muitos insetos são, além disso, transmissores de diversas doenças, como malária, dengue, doença de Chagas etc.
Os insetos participam da cadeia alimentar de muitos seres vivos. Várias espécies de pássaros, por exemplo, alimentam os filhotes com insetos, e mesmo os adultos ainda os utilizam como complemento alimentar. Dado existirem também numerosas espécies de insetos que se alimentam de outras, o homem pode utilizar-se delas para combater espécies nocivas, pelo método do controle biológico. Assim, por exemplo, as joaninhas e algumas larvas de moscas alimentam-se de pulgões. As lagartas são mortas por alguns himenópteros e devoradas por besouros caçadores e também por outros insetos. O controle biológico é objeto atualmente de incansáveis pesquisas, por parte de instituições agronômicas públicas e privadas, até mesmo com o emprego da microbiologia. Não obstante, a natureza se encarrega a seu modo desse controle, pois se, por exemplo, todos os ovos de uma mosca vingassem, no final de um verão sua prole seria de cerca de cinco quintilhões de indivíduos.


Anatomia e fisiologia
Em estado adulto, os insetos têm o corpo coberto por um revestimento rígido, que constitui a cutícula, impregnada de uma substância especial, a quitina, de fórmula química tão complexa que nem os ácidos conseguem atacar. Esse revestimento, que constitui o próprio exoesqueleto, protege os órgãos internos contra danos e perda de umidade e emite para o interior do corpo prolongamentos chamados apódemas, que servem à inserção de uma poderosa rede muscular, cujas fibras, sempre estriadas, se dispõem na maioria dos casos em sentido longitudinal. Os músculos são numerosos e complexos; existem cerca de dois mil em uma única lagarta. Muitos insetos são desproporcionalmente fortes quando comparados com animais maiores; uma formiga, por exemplo, pode carregar até três vezes seu próprio peso.

Cabeça. A região anterior do corpo, ou cabeça, é formada pela fusão de seis segmentos e nela se localizam os principais órgãos dos sentidos: um par de antenas e os olhos simples e compostos. As antenas, que se localizam na região frontal e se apresentam de diversas formas, agem como órgãos sensoriais do olfato, do tato e, em algumas espécies, também da audição. Perto das antenas encontram-se dois olhos compostos laterais, integrados por um aglomerado de facetas, chamadas omatídios. Podem existir dois ou três olhos simples, ou ocelos, normalmente fixados no alto da cabeça, entre os olhos compostos.


Aparelho bucal. Na região inferior da cabeça, ou um pouco adiante, encontram-se os apêndices que entram na composição do aparelho bucal: o labro, peça central, como um largo lábio superior, forma a abóbada da abertura bucal; o lábio propriamente dito forma a base da boca; as maxilas e mandíbulas, colocadas lateralmente entre as peças anteriores, formam os lados da boca; a epifaringe, unida ao labro, forma o teto da cavidade bucal; e a hipofaringe, o assoalho.
O aparelho bucal possui modificações segundo a maneira pela qual o inseto se alimenta, ataca ou se defende de inimigos. Desse modo as peças bucais estão adaptadas, conforme o caso, para mastigar, picar, lamber, sugar, roer. Assim, o aparelho bucal pode ser de três tipos: mastigador, lambedor e sugador. Os insetos com aparelho bucal mastigador (besouros, gafanhotos, baratas etc.) possuem mandíbulas robustas, com as quais trituram os alimentos, sempre sólidos. No aparelho bucal lambedor, só encontrado nas abelhas, as maxilas são alongadas, o lábio é distensível e funciona como uma língua recolhedora de líquidos.
O aparelho bucal sugador ocorre em dois tipos: sugador-maxilar e sugador-labial, conforme a peça que mais se modifica para exercer a sucção. As borboletas e mariposas possuem aparelho bucal sugador-maxilar, pois são suas maxilas que se alongam muito e se juntam para formar um tubo aspirante, que se enrola em espiral e, por isso, é chamado espirotromba. O aparelho bucal sugador-labial pode ser pungitivo (perfurante) e não-pungitivo. A mosca doméstica e as moscas e mosquitos florícolas têm aparelho bucal sugador não-pungitivo. Nesses insetos o labro e o lábio prolongam-se para formar uma tromba que, pelas contrações dos músculos faringeanos, age como simples bomba aspirante.
O aparelho bucal sugador pungitivo encontra-se nos insetos que, para se nutrirem, introduzem a tromba sugadora nos tecidos de revestimento de plantas e animais, a fim de sugar seiva vegetal, sangue ou outros humores. Os apêndices que se modificam para formar essa tromba perfurante e sugadora não são sempre os mesmos. Nas cigarras e percevejos, a tromba é formada pelas maxilas e mandíbulas; nos piolhos, pelas maxilas, hipofaringe e lábio; nas pulgas, pelas maxilas, labro e epifaringe; nas moscas predadoras de insetos, nas motucas e nos mosquitos hematófagos, pelo labro, epifaringe e hipofaringe; na mosca de estábulos e na mosca do sono (tsé-tsé), pelo lábio.

Tórax. A segunda região do corpo é o tórax, divido em três segmentos: protórax, mesotórax e metatórax. Nos lados existem um ou dois pares de asas, usualmente membranosas e providas de nervuras. Alguns insetos jamais desenvolvem asas, quer por descenderem, como a traça-dos-livros, de formas ancestrais não aladas, quer por terem desenvolvido adaptações à vida parasitária (piolho, pulga) acompanhadas, ao longo da evolução, pela regressão das asas. Formigas e cupins são também ápteros, salvo as castas sexuadas. Os insetos de algumas ordens, como a das moscas, possuem somente um par de asas. A grande maioria, porém, é dotada de dois pares, sendo as posteriores sempre membranosas e localizadas no metatórax.
As asas anteriores, localizadas no mesotórax, podem ser de quatro tipos: (1) membranosas e transparentes, como as das abelhas, vespas, moscas, mosquitos, borboletas e mariposas; (2) pergamináceas, opacas e espessas, próprias dos gafanhotos, esperanças, grilos, louva-a-deus, baratas etc.; (3) duras e coriáceas, presentes nos besouros e lacrainhas; (4) hemiélitros, asas com a porção basal muito resistente e a apical membranosa, encontradas no percevejo-do-mato.
Os insetos são denominados hexápodes, por apresentarem três pares de patas, uma em cada segmento do tórax. Em geral existem nas patas cinco segmentos: coxa, trocânter, fêmur, tíbia e tarso, este dividido em artículos em número de um a cinco. No último artículo tarsal encontram-se as garras, geralmente duas, e duas ou três minúsculas peças, os pulvidos, que ajudam os insetos a locomover-se em superfícies lisas. Muitas larvas também têm seis patas; outras, como as larvas das moscas, não têm patas. As lagartas ou larvas de borboletas, mariposas e traças possuem, além dos três pares de patas autênticas, localizadas no tórax, um número variável de pseudopatas situadas nos segmentos do abdome, cujo número varia de dois a cinco pares.

Abdome. A terceira e última região é o abdome, sempre mais volumoso porque encerra os aparelhos digestivo e reprodutor. Apresenta no máximo 11 segmentos; no último situa-se a abertura anal, no penúltimo a abertura genital masculina e no antepenúltimo a abertura genital feminina. Em muitos insetos há, no décimo segmento, um par de apêndices laterais, os cercos, às vezes bastante desenvolvidos, filiformes ou em forma de pinça. Em muitas espécies as fêmeas apresentam vários apêndices, que formam um órgão especial, o ovipositor, com o qual põem os ovos. Esse órgão, que parte da vagina, apresenta forma e comprimento variáveis; não raro é alongado e penetrante, para que os ovos possam ser depositados em buracos na terra ou no interior de plantas ou animais. Nas abelhas esses apêndices agem como agulhões inoculadores de veneno, os chamados ferrões.


Fisiologia. Respiração. Os insetos não respiram pela boca. Inspiram o ar por meio de pequenos orifícios, localizados nos lados do corpo, que recebem o nome de estigmas ou espiráculos. Seu número é variável, embora o comum é que haja dois no tórax e oito no abodome. Os estigmas são unidos a tubos ramificados, as traquéias, que penetram no interior do corpo e distribuem o ar indispensável para a vida do inseto. As traquéias são feitas da mesma substância que impregna o revestimento externo dos insetos, a quitina.


Sistema nervoso. O sistema nervoso dos insetos é constituído por um conjunto de gânglios que se distribuem pelo corpo, de tal forma que cada um dos segmentos tenha pelo menos um par deles. Na cabeça, três pares de gânglios fundidos formam o cérebro, do qual segue enervação para os olhos, antenas e labro. Três gânglios subesofágicos, também fundidos, enervam as mandíbulas, maxilas e lábio; os torácicos coordenam as pernas e asas; e os abdominais, os movimentos do abdome e do aparelho reprodutor, todos ligados à cadeia ventral de gânglios, de onde partem ainda ramificações que se distribuem pela superfície do corpo e servem para a sensibilidade geral periférica.
Sistema circulatório. Aberto ou lacunar, o sistema circulatório consiste em um único vaso, dorsal, por cima do tubo digestivo. Acionado por determinados músculos, pode contrair-se e expandir-se, como um coração. Vinda das lacunas do corpo, a hemolinfa, que é o sangue dos insetos, é impulsionada através da aorta (prolongamento anterior do coração) para a cabeça, de onde retorna para banhar os órgãos do corpo. A hemolinfa tem como função principal distribuir nutrientes, pois transporta água, sais inorgânicos e, mais raramente, pigmentos respiratórios.


Sentidos. Os insetos recebem as sensações táteis por meio de pêlos, conectados a uma célula sensorial subcutânea localizada nas antenas, nos cercos e, esparsamente, na superfície do corpo. O som também é captado por meio de pêlos, principalmente nas antenas e cercos. As sensações olfativas, muito desenvolvidas, são recolhidas por orgânulos situados nas antenas. O paladar é sentido por papilas na epifaringe e hipofaringe.
A produção de som é comum em muitos insetos, como cigarras, grilos, certas mariposas e alguns mosquitos, besouros e abelhas. O mecanismo de produção varia e em alguns pode ser meramente incidental à maneira de voar. A luz produzida pelos vaga-lumes é fria e tem uma eficiência (aproveitamento de energia) de oitenta a noventa por cento, contra três por cento da lâmpada elétrica.

Aparelho digestivo. Um longo tubo, que vai do aparelho bucal ao ânus, forma o aparelho digestivo. Depois da boca, o alimento passa por uma faringe muscular delgada, que se alarga em um esôfago curto unido a um grande papo armazenador, e depois segue para o proventrículo ou moela, mastigador. Embaixo do papo há glândulas salivares pequenas, ramificadas, que descarregam seu produto através de dutos que se abrem no lábio. Seguem-se os intestinos médio (estômago), ligado a seis cecos gástricos que produzem sucos digestivos, e posterior, que contém o reto. As glândulas salivares dos insetos sugadores de sangue produzem anticoagulantes que conservam o sangue líquido durante a ingestão.


Reprodução. O aparelho reprodutor do macho consta de dois testículos, que se comunicam com a vesícula seminal por meio de vasos deferentes. O feminino é constituído pelos ovários, de onde partem os ovidutos, que confluem para a vagina. Nesta, abrem-se as glândulas acessórias e o receptáculo seminal ou espermateca, onde os espermatozóides ficam armazenados; ao descer pelo oviduto o óvulo recebe o espermatozóide, que o fecunda. A espermateca pode conservar os espermatozóides por toda a vida útil da fêmea, cuja duração varia de horas a anos.
Ciclo vital
O ciclo vital dos insetos apresenta muitos aspectos curiosos. A cópula é o processo mais comum para a fecundação. Os ovos podem ser colocados isoladamente ou em grupo, tanto expostos como protegidos por formações especiais, como sucede nos louva-a-deus e nas baratas. Algumas fêmeas, da ordem dos himenópteros, por exemplo, chegam a botar dois mil ovos por dia.
Em alguns grupos existe o fenômeno da partenogênese, no qual, sem haver sido fecundada, a fêmea põe ovos que dão origem a novos insetos. Isso é comum nos piolhos e pulgões das plantas, em algumas poucas mariposas noturnas e em certo número de besouros. Em determinados casos de partenogênese só nascem indivíduos machos, como nas abelhas, e em outros só fêmeas. Dias depois, nasce uma larva de cada ovo. Como esse fenômeno é corrente, os insetos são considerados ovíparos. Não obstante, há alguns casos em que as larvas nascem imediatamente depois de posto o ovo, e então, os insetos são ovovivíparos. Pode também suceder, como é freqüente nos pulgões, que as larvas saiam do ovo antes que este chegue ao exterior -- portanto as fêmeas põem larvas vivas -- e nesse caso são considerados vivíparos.


Larvas e ninfas. As larvas dedicam-se fundamentalmente a comer, quer mastigando alimentos vegetais ou animais, quer sugando sucos das plantas ou animais que atacam. Seu tamanho aumenta rapidamente, e, como a pele tem crescimento limitado, são obrigadas a efetuar mudas, em número de três a sete, embora algumas espécies possam ter mais. Cada um dos períodos que medeiam entre as numerosas mudas recebe o nome de estágio.
Mesmo a olho nu podem-se distinguir três tipos fundamentais de larvas: as dos insetos ametabólicos (sem metamorfose), as dos hemimetabólicos ou heterometabólicos (com metamorfose incompleta) e as dos holometabólicos (com metamorfose completa). Muito poucos são os insetos ametabólicos, todos da subclasse dos apterigotos, os quais já apresentam os caracteres da forma adulta ao saírem do ovo e mudam de pele apenas para crescer. As larvas dos insetos heterometabólicos, como as dos gafanhotos e baratas, assim como as dos piolhos e percevejos das plantas, nascem como uma pequena ninfa e em geral parecem-se com os adultos (imagos), dos quais diferem pelo tamanho, coloração, ausência de asas e falta de desenvolvimento do aparelho reprodutor. Em uma das mudas aparecem dos lados do corpo pequenas formações aliformes, que se desenvolvem na muda seguinte. Dessa forma, esses insetos apresentam três estágios bem caracterizados: ovo, larva e adulto.
A grande maioria dos insetos são holometabólicos, isto é, a larva é totalmente diferente dos adultos. Pode ser uma lagarta (cruciforme), como a das borboletas; ou uma larva branca (escabiforme), como em muitos besouros; ou uma larva vermiforme, como ocorre na maioria das moscas. Essas larvas comem e mudam até alcançar o estado larval final, quando se transformam em um organismo novo, a ninfa, que vive em estado de quietude, sem se alimentar. Nas ninfas, crisálidas no caso da borboleta ou pupas no caso das moscas, podem-se observar as patas, as antenas e demais características externas do inseto adulto, menos as asas. Durante o estado ninfal produzem-se mudanças na organização interna do inseto, como a definição dos órgãos característicos de cada sexo. Nesses insetos a pele da ninfa abre-se após um tempo variável e dá saída ao inseto já desenvolvido, que estende e endurece as asas. Encontram-se aqui quatro estágios diferentes: ovo, larva, ninfa e adulto.


Combate aos insetos nocivos


Durante muito tempo o homem defendeu-se dos insetos de forma mais ou menos empírica, até que observou que sem uma verdadeira investigação científica não chegaria a resultados efetivos. Assim nasceu o ramo da entomologia aplicada, cujo verdadeiro fundador e promotor foi Leland Ossian Howard, que durante mais de cinqüenta anos dirigiu esses estudos nos Estados Unidos. Os entomólogos estudam os diferentes aspectos da vida dos insetos prejudiciais e seu ciclo vital, procurando descobrir em que momento se deve começar a combatê-los.
O primeiro passo na defesa contra as pragas de insetos consiste na adoção de leis que protejam um território contra o seu avanço ou entrada. Na maioria dos países isso se efetua por meio de cuidadosas inspeções dos embarques comerciais. Frutas, cereais e outros alimentos que os insetos possam utilizar como veículo de propagação são examinados no limite da zona livre da praga. Estabelecem-se barreiras sanitárias para impedir sua propagação e difusão. Nas cidades o lixo é depositado em recipientes metálicos, a fim de que não sirva de foco para moscas e outros insetos.
A descoberta de métodos químicos, tais como aplicações de inseticidas e defensivos agrícolas, como o DDT (diclorodifeniltricloroetano) e o BHC (hexaclorociclobenzeno), que exercem ação rápida e podem ser empregados facilmente, permitiu que se encarasse por muitos anos de forma diferente a luta contra certos insetos. A par de seus efeitos imediatos benéficos para a agricultura, o uso indiscriminado desses inseticidas tem criado graves problemas de poluição do meio ambiente e contaminação de culturas. Além disso, com o tempo, várias espécies apresentam resistência às fórmulas químicas. A prática agronômica também demonstra que o extermínio indiscriminado de determinada espécie pode afetar o delicado equilíbrio da cadeia alimentar, favorecendo o desenvolvimento de outras pragas. Muito utilizados com finalidades domésticas, os inseticidas e repelentes já contam, na área da agropecuária, com restrições legais em diversos países.
Além do controle biológico, algumas técnicas agronômicas simples, como o correto manejo do solo (drenagem e irrigação quando necessários, aplicação sistemática de matéria orgânica, terraceamento etc); a rotação de culturas; a policultura etc., também contribuem para essa tarefa de proteção.

CARNÍVOROS - Características - Ecologia e comportamento - Grupos de carnívoros - Biologia, ZOOLOGIA, Trabalho Escolar.


CARNÍVOROS


O avanço dos carnívoros na escala evolutiva e sua difusão pelo planeta fazem desses animais um dos grupos taxionômicos mais profundamente estudados no universo da zoologia.
Em geral, o termo carnívoro se aplica a qualquer animal que se alimenta de carne. Em sentido um tanto diferente, são também designadas como carnívoras (ou insetívoras) as plantas capazes de digerir albumina, insetos, pequenos aracnídeos e, em geral, materiais protéicos. Todavia, a denominação específica define um grande grupo de mamíferos predadores que possuem em comum um conjunto de características anatômicas.

Características gerais. Os carnívoros constituem uma ampla ordem dentro da classe dos mamíferos e incluem animais de morfologia tão diversa como o urso e a marta, ou como a foca e o leopardo. O tamanho, a forma e as adaptações dos diferentes componentes desse grupo variam de família para família. Até a dieta, apesar de basicamente carnívora, se distingue acentuadamente segundo os gêneros e espécies. Os ursos, por exemplo, na prática são onívoros, e comem qualquer coisa, inclusive mel e frutos. Contudo, apesar dessas diferenças, todos têm em comum uma série de características que estabelecem um parentesco.
O tipo de dentição revela com clareza os hábitos alimentares dos carnívoros: em cada mandíbula dispõem de seis incisivos (dentes dianteiros aos quais cabe cortar o alimento) de pequenas dimensões e dois grandes caninos (também chamados presas), além de vários molares, dotados de cúspides (pontas) cortantes. Dois desses molares, chamados "dentes carniceiros", são maiores que os outros. Essa dentadura constitui instrumento eficaz para dilacerar a carne das vítimas e também, em determinadas ocasiões, poderosa arma para matá-las.
Os carnívoros apresentam fortes e afiadas garras, que em certas famílias, como a dos felídeos, são retráteis (o animal pode escondê-las pela ação de tendões situados nos dedos), e em outras, como a dos canídeos, são fixas. Têm um mínimo de quatro dedos em cada pata e a maioria se apóia neles ao andar, pelo que se diz que são digitígrados. Alguns, como os ursos, apóiam toda a planta e recebem o nome de plantígrados.
Muitos carnívoros, como os ursos ou os leões, são fortes e corpulentos, mas também existem os de tamanho mediano (lobos) e os de pequeno porte (doninhas). Em todos eles, a audição e o olfato são em geral bem desenvolvidos. A maioria está adaptada à vida terrestre, mas um pequeno grupo, que inclui as focas e as morsas, em épocas remotas conquistou o meio aquático e, ao longo da evolução, seus dedos se fundiram para formar nadadeiras. Isso faz com que, em algumas classificações, os carnívoros não sejam considerados como uma ordem propriamente dita, mas sim como dois grupos nitidamente diferenciados: o dos fissípedes, integrado por todas as famílias terrestres, e o dos pinípedes, de ambiente marinho. A classificação mais generalizada atribui a esses níveis sistemáticos a categoria de subordem.


Grupos de carnívoros. Entre os carnívoros aquáticos (pinípedes), contam-se três famílias: a dos focídeos, ou focas verdadeiras, que são os mais adaptados ao meio marinho e se deslocam em terra por movimentos ondulantes; a dos otarídeos, ou leões-marinhos, que possuem pavilhões auditivos e se movem no meio terrestre apoiando as patas com facilidade; e a dos odobenídeos, ou morsas, caracterizados por suas duas presas, proeminentes, e que carecem de pavilhões auditivos, como as focas, mas que podem protrair (fazer ir à frente) as extremidades posteriores e andar em terra como os otarídeos.
Os fissípedes, carnívoros de dedos separados, agrupam-se em várias famílias e incluem grande número de espécies, entre as quais o urso, o panda, o quati, o lobo, o cão, a raposa, o chacal, o texugo, a doninha, o arminho, o tigre, o leão, o jaguar, o puma, o gato, o mangusto e a hiena.
A família dos ursídeos, integrada pelos ursos, compreende animais corpulentos, pesados e fortes, mas ágeis, de dieta variada, andar plantígrado e dotados de grande astúcia e valentia, o que faz deles temíveis inimigos quando atacam. Entre os mais conhecidos estão o urso polar, o urso negro americano, o urso pardo e o urso malaio.
Na família dos procionídeos, de que fazem parte o panda, o olingo sul-americano e o quati, observam-se muitos traços semelhantes aos dos ursos, com os quais são indubitavelmente aparentados. Contudo, algumas espécies apresentam, como sinal diferenciador, caudas desenvolvidas, que, em certos casos, são preênseis (servem para que se agarrem aos galhos).
A família dos canídeos inclui o cão, o lobo, a raposa e o chacal, entre as espécies mais notáveis. São de tamanho médio ou relativamente pequeno e de porte esbelto, com o focinho alongado e orelhas pontiagudas. Nas patas posteriores têm quatro dedos, terminados em unhas não retráteis.
O texugo, a marta, a doninha, o arminho, o visom, o furão e a lontra compõem a família dos mustelídeos, animais de corpo alongado, pequenos e muito ágeis, de grande voracidade. O mangusto e a doninha se agrupam na família dos viverrídeos, também de porte reduzido,  patas curtas e formas esguias. Os hienídeos, cuja família congrega a hiena e o aardvark, são os carnívoros de mandíbulas mais potentes em relação a seu peso. Durante muito tempo, pensou-se que se alimentavam exclusivamente de carniça, mas em época recente constatou-se que também são hábeis caçadores.
A família dos felídeos compreende alguns dos mamíferos predadores mais ágeis e mais bem equipados que se conhecem, alguns de grande tamanho, como o tigre, o leão, a onça ou jaguar, o leopardo, o guepardo, o puma, a suçuarana ou onça-parda, e outros de menor talhe, como a jaguatirica, o lince, o serval, os vários gatos-do-mato e o gato doméstico. Também recebem a denominação geral de felinos e são animais de grande beleza, astúcia e resistência. Os de maior tamanho têm músculos poderosos e garras afiadas, com as quais despedaçam as vítimas. Nas patas anteriores apresentam cinco dedos e nas posteriores quatro, todos dotados de unhas retráteis.

Ecologia e comportamento. Na fisiologia dos carnívoros, animais eminentemente caçadores, tudo está a serviço de seus hábitos predadores, desde a estrutura e anatomia do corpo até seu comportamento. O papel ecológico desses animais é de grande importância, pois exercem rigoroso controle sobre as populações de herbívoros, que de outra forma aumentariam exageradamente e esgotariam a vegetação de várias regiões do planeta. Além disso, os carnívoros são fundamentais para a seleção das espécies que atacam, já que eliminam de preferência indivíduos débeis, doentes ou envelhecidos, que caem sob suas garras com maior facilidade.
Desde épocas remotas, os carnívoros foram competidores e, em alguns casos, inimigos temíveis do homem, que caçou e perseguiu certas espécies em todas as épocas, por necessidade ou por mero esporte. Com isso reduziu-se o número de indivíduos e muitas espécies chegaram à beira da extinção, como acontece com o lobo e o urso na Europa e, no norte da África e na Ásia, com o leão.
Alguns carnívoros, como os grandes felinos, se especializaram na captura de herbívoros de grande tamanho, enquanto os viverrídeos são predadores de animais pequenos, tais como roedores, répteis e insetos. Muitos canídeos, como o lobo ou o cão caçador africano, e felídeos, como o leão, têm hábitos sociais e caçam em manada. Existem os que são grandes corredores, ou por sua resistência, como o cão caçador africano, que persegue implacavelmente a  presa até o esgotamento, ou pela velocidade, caso do guepardo, o mais veloz dos animais terrestres, que em corrida alcança velocidades de até 110km/h. Os carnívoros se distribuem por todo o mundo e se adaptam aos mais variados habitats.

PRIMATAS - Características - Classificação sistemática - Prossímios - Origens e evolução - Antropoídeos - Biologia, ZOOLOGIA, Trabalho Escolar.


PRIMATAS

Entre todos os mamíferos, os primatas distinguem-se como os animais que obtiveram maior êxito evolutivo. Uma de suas subordens, a dos antropoídeos, inclui o homem, de estreitas afinidades estruturais e bioquímicas com os demais, embora destes se separe pelo abismo intransponível das diferenças psíquicas e do desenvolvimento cultural.
Primatas são os animais que constituem a ordem de mamíferos a que pertencem as subordens dos prossímios e dos antropoídeos, na qual se incluem os macacos e o homem. Os primatas compreendem, portanto, os produtos mais acabados da evolução dos seres vivos. A subordem mais primitiva dos primatas, a dos prossímios, conserva em sua constituição e traços anatômicos grande parte das características de seus antepassados.


Características básicas. Na classe dos mamíferos, a subclasse Eutheria ou eutérios (providos de placenta) divide-se em várias ordens, uma das quais é a dos primatas. Estes apresentam uma singularidade fundamental, a pentadactilidade (cinco dedos nas extremidades dos membros anteriores e posteriores). Além disso, seu esqueleto conserva a clavícula, que se reduz até quase desaparecer nos mamíferos corredores e marchadores, adaptados para caminhar em terra firme.
Outra característica importante dos primatas é a frontalidade dos olhos, que se situam na mesma linha, na parte anterior da face. Relacionadas com essa tendência, verificam-se estruturas esqueléticas faciais curtas e uma maior capacidade craniana. Por conseguinte, o encéfalo tem maior volume e massa, o que implica maior complexidade neurológica e de coordenação. Resultam daí, nos primatas, faculdades psíquicas superiores às de todas as outras ordens, com notável capacidade de aprendizagem e adaptação.
A situação dos olhos na posição frontal implica ainda, como conseqüência, uma visão estereoscópica, que permite ao animal apreciar com grande precisão as distâncias e relevos, o que também é imprescindível à vida arborícola. Em contrapartida a essa agudeza visual, a capacidade olfativa dos primatas é relativamente modesta.
A dentição, em seu conjunto, é pouco especializada e indica o tipo de dieta que constituía, originalmente, a base da alimentação desses vertebrados: frutos, sementes, folhas etc. Tampouco existem na estrutura anatômica dos primatas armas ofensivas ou defensivas ressaltáveis, exceto em certas espécies (como no caso das presas dos mandris). A pressão evolutiva, em seu caso, favoreceu-lhes mais o desenvolvimento da inteligência do que o incremento da agressividade. Desde as formas mais rudimentares às mais evoluídas -- ou seja, dos lóris até os chimpanzés e gorilas --, aumentam o tamanho e a corpulência, como mostram as diferenças de peso entre alguns lemurídeos, como o sagüi-leãozinho, que mal chega a cem gramas, e macacos, como os gorilas, que atingem 275kg.
Entre os primatas atuais, muitos levam existência arborícola, enquanto outros se habituaram a viver em terra firme. Têm capacidade de adaptação climática, a não ser no caso do homem, bastante reduzida, pois sua área de distribuição, em estado selvagem, limita-se às regiões tropicais ou subtropicais, nas matas ou nos campos. Exceção notável é o macaco-japonês, que é, dentre os primatas, o que vive em locais de latitude mais alta e tem como habitat lugares montanhosos e onde a neve é habitual.
A dieta dos primatas é muito variada e abrange desde o regime carnívoro, comum entre os prossímios e espécies de menor porte, até o vegetariano, dos grandes antropoídeos pongídeos, além do onívoro, ainda mais freqüente. Algumas espécies são dotadas de bolsas faciais, cavidades formadas pela dilatação da mucosa bucal e empregadas para armazenar alimentos apanhados rapidamente e em seguida consumidos com calma, quando o animal chega a lugar seguro.


Classificação sistemática. Por ser a espécie humana incluída nessa ordem, os primatas atraem grande atenção dos estudiosos. Por isso, são numerosas as formas de classificação, especialmente no que diz respeito a ordens e famílias. A classificação básica e mais utilizada é a do paleontologista americano George Gaylord Simpson, esquematizada em 1945, que divide os primatas em duas subordens: a dos prossímios, de características muito primitivas, e a dos antropoídeos que, à exceção do homem, são vulgarmente conhecidos como macacos ou símios (em oposição aos prossímios) e incluem os gêneros e espécies superiores.

Prossímios. Em sua maioria, os prossímios são carnívoros -- mas principalmente insetívoros -- e notívagos, com olhos grandes e frontais, caudas extensas e não-preênseis. Simpson distingue nessa subordem as seguintes famílias: tupaídeos, lemurídeos, indriídeos, daubentonídeos, lorisídeos e tarsídeos. Esse esquema, no entanto, é questionado no que diz respeito à inclusão dos tupaídeos -- que apresentam traços típicos tanto dos primatas quanto dos insetívoros -- e dos tarsídeos, com várias características primitivas que os aproximam mais dos macacos (antropoídeos).
Os lemurídeos, das ilhas Madagascar e Comores, incluem os gêneros Eulemur, Hapalemur, Varecia e Petterus, além do belo Lemur. Os gêneros Microcebus, Mirza, Cheirogaleus, Allocebus e Phaner, inicialmente classificados entre os lemurídeos, na década de 1970 foram incluídos por alguns zoólogos entre os quirogaleídeos, família que alguns consideram associada aos lorisídeos. Segundo esses especialistas, também se pode distinguir a família, que não foi reconhecida por Simpson, dos megaladapídeos, cujo único gênero vivo, Lepilemur, já foi classificado entre os lemurídeos. As três espécies do gênero Megaladapis acham-se extintas.
Na família dos indriídeos contam-se os gêneros Indri (cuja única espécie, I. Indri, do nordeste de Madagascar, é o maior prossímio vivo, com corpo de 61 a 90cm, cauda de 5 a 6,4cm, e sete a dez quilos de peso), Avahi, Propithecus, Mesopropithecus, Archaeolemur, Hadropithecus, Palaeopithecus e Archaeoindris. A família dos daubentonídeos, também de Madagascar, se reduz ao aiai (Daubentonia madagascariensis), um curioso animal cujo terceiro dedo de ambas as mãos é muito comprido e fino, empregado para extrair larvas e insetos das cascas de árvore.
Os lorisídeos incluem os gêneros Loris, Galago, Galagoides, Nycticebus, Arctocebus, Perodicticus, Euoticus e Otolemur, entre eles os lóris e gálagos, espécies da África e da Ásia. Os tarsídeos, com o gênero Tarsius, têm tarso ou tornozelo superalongado e olhos enormes, que garantem o comportamento notívago do animal.
Nas últimas décadas do século XX já havia aceitação generalizada de que os tupaídeos, durante muito tempo considerados insetívoros e, posteriormente, primatas, pertencem a uma ordem distinta, a dos Scandentia. No caso dos tarsídeos, a tendência parece ser a de incluí-los numa nova subordem dos primatas, designada Haplorhini, ao lado dos antropoídeos, enquanto os prossímios, com exceção dos tarsídeos, passariam a compor outra subordem, designada Strepsirhini. Ainda há divergências, porém, entre os estudiosos. Há quem defenda, atualmente, a inclusão dos tarsídeos entre os Strepsirhini, o que torna, afinal, mais apropriada a classificação proposta por Simpson em 1945. Outros zoólogos, porém, preferem manter os tarsídeos na subordem Halorphini.

Antropoídeos. A subordem dos antropoídeos compreende as seguintes superfamílias: ceboídeos, do continente americano, cercopitecoídeos, da África e da Ásia, e hominoídeos, também da África e da Ásia. Os ceboídeos, encontrados no continente americano, incluem as famílias de cebídeos (macacos-da-noite, uacaris, sauás, parauaçus, guaribas, monocarvoeiros ou muriquis, macacos-prego, macacos-de-cheiro, macacos-aranha, barrigudos etc.) e calitriquídeos (micos, sagüis). Os gêneros da família dos cebídeos são Saimiri, Aotus, Callicebus, Xenothrix, Alouatta, Pithecia, Chiropotes, Cacajao, Cebus, Lagothrix, Ateles e Brachyteles. Os dos calitriquídeos são: Saguinus (que até o século XIX costumava ser conhecido como Tamarin ou Leontocebus), Leonpithecus (às vezes também chamado Leontideus, ao qual pertence o mico-leão-dourado), Callithrix, Cebuella (cuja única espécie, C. pygmaea, é o menor primata do continente americano), e Callimico.
Os cercopitecoídeos, encontrados na África e na Ásia, têm uma só família, a dos cercopitecídeos, com 19 gêneros, na qual se incluem os resos, cinocéfalos, mandris, babuínos, macacos-japoneses etc. Também da África e da Ásia, os hominoídeos reúnem, além dos hominídeos (com seu único gênero Homo, no qual se classifica a espécie humana), as famílias dos pongídeos, com três gêneros vivos e à qual pertencem o chimpanzé (gênero Pan), o gorila (Gorilla) e o orangotango (Pongo), e dos hilobatídeos, com seu único gênero Hylobates (siamango).

Origens e evolução. O estudo dos primatas fósseis é importante para a elucidação das origens do homem. De modo geral, os primatas fósseis apresentam compleições diversas das encontradas entre os atuais. Primeiro aparecem unicamente as formas mais simples dos prossímios; depois, surgem restos fósseis de macacos; a seguir vêm seres relacionados com os antropóides; e, finalmente, seres hominídeos.
Há 150 milhões de anos, na era mesozóica, e já no período cretáceo, os mamíferos começaram a diferençar-se nas várias subclasses de que se originaram as ordens de hoje. É nos terrenos do paleoceno, no início da era cenozóica -- cuja idade gira em torno de 65 milhões de anos -- que se encontram os restos dos mais antigos primatas, pequenos, arborícolas, parecidos com os musaranhos.
Nos testemunhos do período seguinte, o eoceno, foram achados, tanto na Europa como na América, fósseis de lêmures. Do período subseqüente, o oligoceno, encontraram-se na Mongólia os restos de um animal denominado anagale, que, sob certos aspectos, ocupa lugar intermediário entre os níveis dos primitivos primatas esquiloformes e os lêmures. Também no eoceno, os tarsídeos evoluíram e irradiaram-se pela Europa e América. São os mais interessantes, por apresentarem características intermediárias entre as fases tarsióide e pitecóide, o Necrolemur e o Microchoerus.
O mais antigo antropoídeo conhecido é o do período oligoceno. Segue-se-lhe o Parapithecus, que viveu no Egito há cerca de 45 milhões de anos e conserva traços de seus ancestrais tarsióides eocenos. Pode ser um representante de um tronco ancestral dos hominídeos. Estudos comparativos parecem demonstrar que os hominídeos descendem diretamente de ancestrais tarsióides, sem passar pelo estágio dos macacos comuns. Isto é, estes últimos já teriam divergido do tronco de evolução dos hominídeos desde o oligoceno antigo, passando a evoluir independentemente até as espécies atuais.

ZOOLOGIA - História - Ramos da zoologia - Métodos de estudo e pesquisa - Importância da zoologia - Principais grupos animais - Biologia, ZOOLOGIA, Trabalho Escolar.


ZOOLOGIA

Pode-se dizer que o homem primitivo se fez zoólogo naturalmente, pela necessidade de conhecer bem tanto os animais de que podia depender para alimento e vestuário, como aqueles de que devia fugir. A anatomia e a zoologia acham-se presentes na arte do homem primitivo, intimamente ligada a sua vida e seu meio. A domesticação e a criação dos animais, que exigiam mais observação e até mesmo certo grau de experimentação, decerto aumentaram os conhecimentos do homem caçador e contribuíram para a formação de uma cultura zoológica. Tão importantes se tornaram os animais para a vida humana, que muitos foram deificados e serviram de base à criação de mitos.
Zoologia é o ramo das ciências biológicas que se ocupa do estudo do reino animal em seus múltiplos aspectos. Abrange todas as formas de estudo relativas a animais -- não apenas os componentes do corpo animal e os processos vitais que o sustentam, mas também as relações que mantêm os animais ou grupos de animais entre si e com o meio ambiente. Devido a sua grande abrangência, a zoologia em geral se divide em numerosas subdisciplinas das quais as principais incluem citologia, embriologia, morfologia, fisiologia, patologia, paleontologia, genética e evolução, taxionomia, etologia (estudo do comportamento animal), ecologia e zoogeografia.
Além das pesquisas concretas e específicas em cada um dos diversos campos de que trata, a zoologia tenta responder a uma série de questões básicas, tais como: o que é um animal e em que se diferencia essencialmente dos demais seres vivos; que tipos ou padrões básicos de organização animal existem e como se agrupam as diversas formas para dar lugar a grandes troncos aparentados entre si; que fatores governam ou influenciam a evolução e a distribuição das espécies animais ao longo do tempo; e que relações ecológicas mantêm essas espécies e com outros grupos de animais e plantas e com o meio em que se desenvolvem.


Ramos da zoologia. Dada a amplitude de aspectos implicados numa visão científica do mundo animal, são múltiplas as ciências e ramos, auxiliares ou básicos, gerais ou especiais, que contribuem para o conhecimento zoológico. O aspecto externo, a morfologia, a estrutura e a organização internas, em suas partes puramente descritivas, correspondem à anatomia externa e interna. A biofísica e a bioquímica, desenvolvidas nas últimas décadas do século XX, consideram em sua aplicação à zoologia os aspectos físicos e químicos de constituição e funcionamento dos animais e elaboram modelos mais ou menos abstratos e em grande medida desligados de suas coordenadas anatômicas ou descritivas.
A histologia animal investiga a estrutura, formação e distribuição dos tecidos animais, enquanto a citologia animal faz o mesmo em relação às células, consideradas como unidades. Nesse sentido, aprofunda o estudo das propriedades e características orgânicas e funcionais que distinguem as células animais das vegetais. Essas últimas são capazes de fotossíntese, o que lhes permite sintetizar o próprio alimento a partir de materiais inorgânicos. Além disso, as células vegetais são fortemente vacuoladas, com abundância de grânulos nos quais se acumulam amidos e outras substâncias de reserva, e apresentam uma parede celulósica que as priva de mobilidade e flexibilidade. A célula animal não dispõe de tal suporte externo nem apresenta tão grande número de grânulos nem de cloroplastos (corpúsculos nos quais se verifica a fotossíntese).
Outras ciências biológicas gerais e fundamentais para a compreensão do fenômeno animal são: a genética, que estuda os mecanismos da herança dos caracteres biológicos; a fisiologia animal, cujo objeto de estudo são os processos que ocorrem no organismo animal e permitem seu funcionamento; e a embriologia, que tem por objeto o desenvolvimento do animal desde seus primeiros estágios de vida, quando não passa de um conjunto de células proveniente da segmentação do óvulo fecundado, a mórula, até atingir a estrutura e aspecto definitivos.
A ecologia se ocupa da relação entre os animais e seu meio, este compreendido como o conjunto de fatores, tanto abióticos quanto biológicos, que constituem o ambiente em que vivem. Tal disciplina implica um nível de complexidade superior ao individual e abrange comunidades e populações, que são as unidades ecológicas básicas. A etologia trata do comportamento animal e, apesar de ser uma ciência recente, constitui uma das áreas mais fecundas e promissoras da zoologia, tendo esclarecido problemas fundamentais relacionados à linguagem animal, à territorialidade, às normas sociais, ao comportamento reprodutor e migratório e às causas da agressividade. A zoogeografia se liga estreitamente a essas duas ciências e tenta esclarecer os fatores que intervêm na distribuição geográfica dos animais no planeta, assim como as leis profundas que regem tal distribuição.
A paleozoologia, que investiga as formas animais das eras geológicas passadas e sua evolução no decorrer do tempo, e a taxionomia, ou sistemática, cuja tarefa é traçar as grandes linhas de parentesco entre os componentes do reino animal, completam o quadro de disciplinas básicas que contribuem para o caudal comum de conhecimentos da zoologia.
Outros ramos da ciência zoológica dizem respeito a áreas ou grupos específicos dentro do estudo do reino animal. Entre elas estão a parasitologia, cujo campo de trabalho se centra em organismos animais que vivem à custa de outros, causando-lhes prejuízo; a protozoologia, ciência que estuda os animais unicelulares ou protozoários; a helmintologia, que se refere aos vermes, categoria não-sistemática na qual se incluem representantes de diferentes tipos, tais como os platelmintos, asquelmintos e anelídeos; a malacologia, que investiga os moluscos; a entomologia, relativa aos artrópodes e, mais concretamente, aos insetos etc. No que se refere aos vertebrados, há também diversas disciplinas especiais, tais como a ictiologia, estudo dos peixes; a herpetologia, dos répteis; a ornitologia, das aves; e a mastozoologia, dos mamíferos.

Métodos de estudo e pesquisa. A observação direta constitui o primeiro método de estudo utilizado pelo homem tanto para investigar o reino animal quanto o mundo natural em geral. De fato, é essa a primeira etapa na formação de toda ciência e, no caso de algumas disciplinas, como a etologia, continua a ter importância fundamental. Nos tempos modernos, muitos instrumentos ampliaram de maneira notável essa capacidade de observação, básica em qualquer trabalho de campo: câmaras fotográficas equipadas com teleobjetivas ou simples binóculos são ferramentas insubstituíveis para o conhecimento do comportamento dos vertebrados terrestres em seu meio ambiente, nos estudos da distribuição de espécies e nas pesquisas ecológicas e de comportamento.
A dissecação constitui outra das técnicas mais importantes da zoologia e durante séculos a única, além da observação direta. Bisturis, agulhas, pinças, tesouras etc. são alguns dos utensílios empregados em tais práticas. A invenção do microscópio representou uma revolução, pois com esse instrumento os animais mais diminutos, como os protozoários, e as estruturas histológicas mais finas se tornaram pela primeira vez acessíveis ao olho humano. As lupas são também valiosos instrumentos de trabalho para o zoólogo.
Nos trabalhos de zoologia, torna-se necessária a captura de animais, vivos ou mortos, para que se possa proceder a seu estudo e classificação. Para isso, foram utilizados todo tipo de artefatos, desde armadilhas e redes até fuzis para injetar a distância agentes anestésicos e soníferos. Uma vez capturados, os exemplares mortos devem ser conservados e preparados, para o que se empregam líquidos como o formol, o álcool etc., capazes de impedir a decomposição dos tecidos. Muitos grupos animais são dotados de exosqueletos, como acontece com os insetos, e de carcaças, como os moluscos gastrópodes e bivalves, o que facilita a sua conservação. As coleções entomológicas e malacológicas, entre as mais conhecidas, assim como a montagem de esqueletos, no caso dos vertebrados e das práticas de taxidermia, permitem dispor ordenadamente o material zoológico coletado.
Além dessas técnicas, a zoologia moderna utiliza complexos procedimentos bioquímicos para analisar as proteínas de uma determinada espécie e compará-las com as de outras (cromatografia de aminoácidos e eletroforese) com o objetivo de determinar seu parentesco. Também utiliza métodos biométricos (medição das distintas partes orgânicas e correlação); técnicas fisiológicas (avaliação da taxa metabólica, respiratória, das funções digestivas, excretoras etc.); e aparelhos como o radar (evolução da migração de aves), a câmara cinematográfica, o gravador (estudos de comportamento, canto de aves, sons etc.) e o rádio, para o acompanhamento de mamíferos em seu meio natural, por exemplo, para o que se coloca no animal um colar emissor de ondas de rádio.


Importância da zoologia. A zoologia, além de ser uma ciência com peso específico dentro da biologia, reveste-se de grande importância para o homem em muitas outras áreas, da economia à cultura.
No campo da medicina e da saúde, são numerosos os produtos e substâncias de origem animal descobertos pelas pesquisas zoológicas que se revelaram de extrema utilidade para o tratamento de enfermidades, fabricação de soros, correção de deficiências endócrinas etc. e que incluem desde hormônios até venenos extraídos de serpentes. A experimentação com animais com objetivos médicos e farmacológicos (testes de vacinas, remédios etc.) é amplamente difundida. Outra aplicação de grande importância constituem os estudos parasitológicos e epidemiológicos, estes últimos no que se refere à transmissão e veiculação de agentes patogênicos por alguns animais.
Na agropecuária, o conhecimento proporcionado pela zoologia sobre as pragas da lavoura, sua biologia, ciclos vitais, inimigos naturais etc. fornece a base para erradicá-las. Igualmente úteis são as pesquisas sobre os insetos e aves polinizadoras, as espécies benéficas para os campos, a influência de muitos animais na melhoria da estrutura dos solos e as possibilidades de domesticação e aproveitamento de mamíferos herbívoros autóctones em zonas nas quais o gado doméstico apresenta baixos rendimentos e provoca graves alterações ecológicas.
As aplicações industriais e científicas dos resultados dos estudos zoológicos são múltiplas e abrangem uma ampla gama de produtos e substâncias, desde corantes e tintas (obtidos de cochonilhas, gastrópodes e outros) até gorduras, espermacete, peles etc. A reprodução de modelos básicos de muitos animais na fabricação de máquinas e instrumentos deu origem a uma nova ciência, a biônica.
Também no aspecto cultural, o papel desempenhado pela zoologia não é nada desdenhável. Reservas, jardins zoológicos, aquários e outros centros e instalações semelhantes desempenham importante função educadora e divulgadora e contribuem para ampliar a visão intelectual de uma porção cada vez maior da sociedade para a qual o acesso ao meio natural é progressivamente mais difícil e esporádico.


História. A zoologia não existiu como ciência até os trabalhos de Aristóteles, o primeiro a descrever de forma sistemática numerosas espécies animais e a estudar problemas como a reprodução e sua classificação em diferentes grupos segundo o grau de semelhança.
Já nos primeiros anos da era cristã, destacou-se como naturalista Plínio o Velho, que resumiu os conhecimentos zoológicos de sua época na obra Historia naturalis, na qual reuniu inúmeras descrições de animais, uns reais e outros mitológicos, pois incluía em sua relação unicórnios e grifos, entre outros seres fabulosos. Essa falta de rigor deu início a uma tradição que prosseguiu nos bestiários medievais, em que eram representados seres imaginários, desde harpias e centauros até dragões e quimeras, e depois nos relatos de viajantes e nas crônicas de comerciantes e aventureiros que alimentaram a imaginação de muitas gerações, na Idade Média e no início da idade moderna.
A partir do Renascimento, o saber humano experimentou um notável desenvolvimento que levou à criação do método científico, ao desenvolvimento e expansão da investigação direta e à observação do mundo natural como única forma válida de conhecimento, além das afirmações dogmáticas e daquelas baseadas em autoridades de outras épocas, entre elas o próprio Aristóteles. Na medicina, expandiu-se a prática da dissecação, procedimento também seguido pelos naturalistas e que abriria à ciência aspectos até então desconhecidos da estrutura e do funcionamento dos seres vivos.
As explorações geográficas, que se sucederam ao longo da idade moderna, levaram a conhecer novas faunas, com formas animais mais surpreendentes do que as mais fantásticas criações antigas, o que estimulou relatórios científicos, viagens subvencionadas por academias e governos, e obras enciclopédicas como a de George-Louis Leclerc, conde de Buffon. Em sua Histoire naturelle générale et particulière, de mais de trinta volumes e cuja publicação teve início em 1749, Buffon ofereceu uma ampla mostra, com freqüência mais pitoresca que rigorosa, de tudo o que a ciência zoológica de sua época reconhecera e estudara.
Produtos das viagens de exploração pela América, realizadas em sua maior parte por naturalistas espanhóis, como as obras de José de Acosta, entre  outros, deram a conhecer à Europa a rica e variada fauna do Novo Mundo. A criação de laboratórios de zoologia e de museus nas principais universidades européias, assim como de ricas coleções com base nas quais se elaboraram as primeiras classificações exaustivas, foi habitual ao longo dos séculos XVI e XVII.
O chamado sistema binominal, método de classificação idealizado pelo botânico sueco Lineu, abriu seu caminho pouco a pouco, por sua simplicidade e eficácia, tanto em botânica quanto em zoologia. De acordo com tal método, atribuía-se um nome científico composto de dois termos latinos, o primeiro para designar o gênero e o segundo a espécie, de maneira que cada ser vivo poderia ter a sua denominação, que também levava em conta seu parentesco genérico.
A invenção do microscópio e sua utilização por pesquisadores como Antonie van Leeuwenhoek permitiu aos zoólogos a descoberta de um novo mundo de animais imperceptíveis a olho nu, tais como os protozoários, estágios larvares de numerosas classes, rotíferos etc., assim como as células reprodutoras (óvulos e espermatozóides). Georg Augustus Goldfuss incluiu mais tarde no conceito de protozoários outros animais que têm em comum com esse grupo o único fato de serem microscópicos, como ocorre com os rotíferos, que depois passaram a ser incluídos no grupo dos asquelmintos.
O problema da evolução das espécies (deve-se o conceito de espécie ao britânico John Ray) foi objeto de estudo rigoroso pela primeira vez por Jean-Baptiste Lamarck, que propôs em sua obra Philosophie zoologique (1809) a denominada teoria do transformismo, que defendia a transmissão hereditária dos caracteres adquiridos. A questão foi um dos principais temas de debate científico ao longo do século XIX e culminou na teoria da evolução elaborada de forma independente por Alfred Russel Wallace e Charles Darwin. O primeiro lançou os fundamentos da zoogeografia, após pesquisar um amplo material biológico durante suas explorações no arquipélago malaio. O segundo, autor da célebre obra On the Origin of Species (1859; Sobre a origem das espécies), produziu ainda inúmeras monografias de considerável importância, sobretudo no que se refere à biologia de certos grupos de crustáceos e insetos, a teoria das formações de coral e a descrição dos mamíferos fósseis da Patagônia, entre outros temas.
A pesquisa de fósseis permitiu o desenvolvimento da paleozoologia, ciência bastante beneficiada pelos trabalhos do francês Georges Cuvier, autor de estudos de anatomia comparada e idealizador do conceito de plano de organização, ou padrão geral estrutural e orgânico, a que pareciam obedecer grandes grupos de animais. Cuvier distinguiu quatro grandes planos organizacionais: o dos radiados, o dos moluscos, o dos articulados (depois artrópodes) e o dos vertebrados. Outro que deu grande contribuição à paleozoologia foi o britânico Richard Owen.
Muitos outros nomes se destacam pela importância de suas contribuições ao conhecimento da biologia animal: Rudolf Leuckart, que estudou os celenterados, assim como os ovos dos insetos e o fenômeno da partenogênese, em conseqüência da qual as fêmeas se reproduzem sem a intervenção dos machos; Christian Gottfried Ehrenberg, que distinguiu os protozoários de outros animais microscópicos pluricelulares; Karl Theodor von Siebold, que se notabilizou no estudo da anatomia comparada dos invertebrados; e Ernst Heinrich Haeckel, que enunciou a chamada lei biogenética fundamental (também chamada teoria da recapitulação), segundo a qual o desenvolvimento do ser desde a fecundação até a maturidade para a reprodução é uma recapitulação das fases sucessivas pelas quais passou a espécie a que pertence em sua evolução.


Principais grupos animais. O reino animal se divide em grandes grupos, cada um dos quais tem a categoria de filo e representa um modelo estrutural ou padrão organizacional básico claramente diferenciado. A classificação do mundo animal está longe de ser definitiva, pois existem grupos de posição duvidosa, seja pela apresentação de caracteres híbridos entre dois ou mais tipos, seja por apresentar características próprias mas cujo peso específico do ponto de vista taxionômico não está claro. Por essa razão, as classificações zoológicas variam de acordo com seus autores.
Apesar dessas divergências, pode-se considerar os seguintes filos claramente definidos: (1) protozoários, que incluem os animais unicelulares, como as amebas e os tripanossomos; (2) poríferos ou espongiários, pluricelulares, que incluem as esponjas, as quais vivem fixas sobre um substrato e se nutrem das partículas deslocadas pela água quando esta penetra através dos numerosos poros que possuem no corpo; (3) celenterados ou cnidários, como as hidras, medusas e corais; (4) ctenóforos, em muitos aspectos semelhantes aos anteriores, mas distintos em estrutura e biologia; (5) platelmintos, vermes achatados como as planárias e as tênias, muitos dos quais parasitas do homem e de outros animais; (6) nemertinos, longos e estreitos vermes dotados de uma pequena estrutura em forma de tromba; (7) asquelmintos, vermes em geral cilíndricos, entre os quais se encontram as lombrigas e os rotíferos, estes últimos microscópicos; (8) anelídeos ou vermes cilíndricos com cavidade entre os órgãos internos e a parede do corpo, ao qual pertencem as poliquetas marinhas, minhocas e sanguessugas; (9) moluscos, animais providos de uma carcaça calcária em forma de espiral, de duas valvas ou reduzido a uma haste cartilaginosa ou coriácea interna; (10) artrópodes, dotados de apêndices articulados, como os crustáceos, aracnídeos, insetos e miriápodes; (11) equinodermos, com esqueleto calcário sob a primeira camada epitelial, grupo em que estão as estrelas do mar, ouriços, os holoturóides, os ofiúros e os crinóides; (12) hemicordados, marinhos e com aspecto de vermes, como o balanoglosso; (13) quetógnatos, marinhos e planctônicos; (14) pogonóforos, marinhos, com tentáculos filiformes; e (15) cordados, no qual se encontram os vertebrados, integrados pelos ciclostomados ou lampreias, os condrictes (peixes cartilaginosos), os osteíctes (peixes de esqueleto ósseo), os anfíbios, os répteis, as aves e os mamíferos.

RUMINANTES - Características gerais - Na pré-história - Classificação dos ruminantes - Biologia, ZOOLOGIA, Trabalho Escolar.


RUMINANTES


Na pré-história, grandes manadas de mamíferos herbívoros pastavam em extensas regiões do planeta, pradarias, estepes e savanas, onde mantinham um delicado equilíbrio com o ambiente. A alteração dos ecossistemas provocada pela civilização fez desaparecer essa imagem da maior parte dos continentes, com exceção da África, último reduto de rebanhos de várias espécies de ruminantes.
Ruminantes são animais cujo aparelho digestivo é dotado de um estômago duplo, com quatro cavidades. Esse sistema de digestão constitui um complexo laboratório, cujo principal objetivo é melhor assimilar os escassos nutrientes da pastagem.,


Características gerais. Os ruminantes formam uma subordem da ordem dos artiodáctilos, classe dos mamíferos. Em geral, são bem dotados para a corrida em terra firme, graças à estrutura de suas patas, terminadas em número par de dedos revestidos por cascos. Essa constituição permite um contato mínimo do animal com o solo, bem como apoio firme e ágil no terreno e ponto seguro de impulsão para a corrida. De acordo com as famílias, o ruminante pode apresentar dois ou quatro dedos.
As diferenças quanto ao tamanho e corpulência são notáveis: os ruminantes abrangem desde as girafas até os dik-dik, antílopes africanos de apenas trinta centímetros de altura. Nessa subordem, incluem-se animais tão fortes quanto os búfalos e tão graciosos quanto os antílopes e gazelas. Também são ruminantes importantes espécies domésticas como a ovelha, a vaca e a cabra, que tiveram grande importância na formação e no progresso da civilização humana.
Com exceção dos chamados chevrotains, da família dos tragulídeos, a maioria possui chifres na porção frontal do crânio, maiores nos cervos, alces e em muitos outros antílopes. Nas girafas existem pequenos chifres na forma de cotos, totalmente recobertos de pele aveludada, em número que varia de três a cinco. Nos cervídeos, os chifres são prolongamentos dos ossos frontais que caem todos os anos, regeneram-se e crescem em várias ramificações. Essas defesas se desenvolvem apenas nos machos da família, com exceção da rena, espécie em que ambos os sexos apresentam chifres. Os chifres dos bovídeos, como a cabra e a vaca, por exemplo, são protuberâncias ocas do osso frontal, recobertas de uma camada córnea; na maior parte das espécies dessa família, os chifres são permanentes e crescem nos dois sexos.
Característica específica dos ruminantes é o sistema digestivo, em particular o estômago. As quatro cavidades denominam-se pança ou rume, retículo ou barrete, folhoso e coagulador. Na primeira delas, o alimento ingerido é armazenado e fermentado por ação de certas bactérias que ali vivem como organismos simbióticos e que, com suas enzimas, degradam a celulose, componente fundamental da pastagem. Tal característica permite que esses herbívoros sobrevivam quase exclusivamente à base de plantas. Da pança, o alimento fermentado passa ao retículo e é regurgitado, ou seja, volta para a cavidade bucal, onde é mastigado novamente. Esse processo é denominado ruminação e dá origem ao nome da subordem. Posteriormente, o alimento ruminado chega ao folhoso, cavidade assim chamada por apresentar uma série de lâminas parecidas com folhas. É no coagulador que finalmente se realiza a digestão propriamente dita, ou degradação dos principais componentes do alimento.
Entre os ruminantes, há animais que pastam e outros que se alimentam de ramos e folhas, além da relva. Ao segundo grupo pertencem, por exemplo, a girafa e o ocapi. Os ruminantes constituem uma peça importante na cadeia alimentar dos ecossistemas em que vivem, pois regulam o crescimento da vegetação nas amplas planícies herbáceas que freqüentam e servem de alimento para considerável número de predadores, entre os quais os grandes felinos e canídeos. Destacam-se por seu gregarismo, que os leva a formar rebanhos numerosos, o que contribui para sua defesa e proteção. Algumas espécies, no entanto, apresentam hábitos solitários ou formam apenas pequenos grupos.
É notável o comportamento que apresentam muitos desses animais na época da reprodução, quando ocorrem verdadeiros combates rituais entre os machos pela posse das fêmeas, como acontece entre os cervos, alces e girafas. Estas últimas empregam suas próprias cabeças como armas contra os adversários, impulsionadas pelos longuíssimos pescoços. O olfato desempenha papel importante na relação entre os sexos, pois graças a ele os machos detectam as secreções provenientes das glândulas das fêmeas e condicionam sua resposta à informação que delas recebem.


Classificação dos ruminantes. Os ruminantes compreendem cinco famílias: tragulídeos, girafídeos, cervídeos, bovídeos e antilocaprídeos. Os tragulídeos são os mais primitivos do grupo: não têm chifres, seu estômago apresenta apenas três cavidades nitidamente diferenciadas -- o folhoso aparece reduzido --, são pequenos e possuem costumes solitários e noturnos. Também chamados chevrotains, têm aspecto semelhante ao de grandes roedores. Os girafídeos compreendem as girafas e ocapis, animais de aspecto singular devido à altura do pescoço. Com ele, esses animais, sobretudo as girafas, têm acesso a pontos das árvores que outros herbívoros não conseguem alcançar. O tamanho do pescoço do animal não é devido à presença de elevado número de vértebras cervicais, mas sim ao alongamento das mesmas.
Os cervídeos são representados nos cinco continentes. Suas diversas espécies exibem chifres de características muito definidas, que permitem, na maioria dos casos, a imediata identificação desses animais. Apenas o cervo aquático chinês e o cervo almiscareiro são desprovidos desses elementos de defesas e desenvolveram, na mandíbula superior, caninos longos e curvos que se projetam para fora da boca. Alces, cervos comuns, renas, gamos e outras espécies menores, como os corços e os cervos dos pampas, são alguns dos membros mais destacados dessa família.
A família dos bovídeos abrange grande número de espécies, algumas das quais de importância vital para o homem, por constituírem, há milênios, uma das principais fontes de sua subsistência e a base da pecuária. Esse é o caso do boi, do carneiro e da cabra, dos quais se obtêm carne, leite, lã e outros produtos. Os bovídeos possuem apenas um par de dedos em cada extremidade e, em certos casos, aparecem rudimentos dos dedos laterais desaparecidos. Além das espécies domésticas mencionadas, compõem essa família bovinos como o iaque asiático, o boi almiscareiro da tundra ártica, o quase extinto bisão americano ou o búfalo cafre africano; caprinos como o mouflon, a cabra e a camurça; ou antílopes e gazelas, como o órix e o impala. A família dos antilocaprídeos apresenta uma única espécie, o pronghorn, que habita as pradarias norte-americanas e apresenta chifres ocos com uma camada córnea dotada de ramos curtos; a camada cresce sobre um substrato ósseo como uma protuberância do osso frontal e se renova anualmente.

RÉPTIL - Características gerais. - Distribuição e ecologia - Classificação - Biologia, ZOOLOGIA, Trabalho Escolar.


RÉPTIL

Os primeiros vertebrados a se adaptarem plenamente à terra firme foram os répteis, que surgiram no final da era paleozóica, há cerca de 300 milhões de anos. Diversificando-se e difundindo-se ao longo da era seguinte, os répteis apresentaram formas gigantescas como os dinossauros, senhores absolutos da Terra até o fim da era mesozóica. Na atualidade, sua importância dentro da escala zoológica diminuiu em relação a aves e mamíferos, apesar das várias espécies existentes e de sua ampla distribuição.
Réptil é o animal vertebrado dotado de quatro patas que se locomove por reptação, ou rastejamento. Na escala zoológica, a classe dos répteis situa-se  entre os anfíbios e as aves. A falta de patas em algumas espécies, como as cobras, corresponde a uma perda secundária de natureza adaptativa. O embrião do réptil é protegido por um envoltório membranoso, o âmnio, no interior do qual se encontra o líquido amniótico, que o protege da desidratação e de choques. Em função dessa característica, comum a aves e mamíferos, essas três classes são chamadas amniotas.


Características gerais. Como os peixes e os anfíbios, os répteis são animais poiquilotermos, ou seja, sua temperatura corpórea varia de acordo com a do ambiente, pela inexistência, em seu organismo, de mecanismos de regulação. Em função disso, esses animais não podem habitar latitudes e altitudes com clima demasiado frio e sua distribuição pelo planeta é limitada. As espécies que vivem em regiões nas quais a temperatura desce a índices muito baixos hibernam até que as condições ambientais voltem a ser favoráveis.
A pele dos répteis apresenta uma camada externa cornificada, grossa, com escamas imbricadas que protegem o animal das agressões mecânicas exteriores e também da desidratação. Na maior parte das espécies, essas escamas são de natureza epidérmica, como ocorre nos sáurios, crocodilos e serpentes. As tartarugas também apresentam formações escamosas derivadas da epiderme, mas o casco é composto de escamas dérmicas, autênticas placas ósseas associadas ao esqueleto. A pele de ofídios e sáurios passa regularmente por períodos de muda, nos quais a camada velha se desprende e é substituída por um tecido jovem, que sofre um processo de endurecimento progressivo ao entrar em contato com o ar.
Os répteis apresentam formações córneas com função defensiva, ofensiva ou alimentar, como as garras dos lagartos, crocodilos e quelônios. Estruturas como os chifres e cristas de alguns sáurios -- entre os quais muitas espécies de lagartos australianos -- ou o órgão que forma o chamado "guizo" das cascavéis são modificações das escamas epidérmicas. Em geral, o tegumento dos répteis contém poucas glândulas, ao contrário do que ocorre com outros vertebrados, como os anfíbios. Quando estão presentes, as glândulas secretam substâncias que, ao serem percebidas por outros animais da mesma espécie, desempenham o papel de demarcação de território. É o caso das secreções glandulares femorais do lagarto e das secreções emitidas pelas cloacas das serpentes.
A ossificação do esqueleto dos répteis é completa, com exceção do esterno, que, quando existe, é formado por cartilagem. A configuração do crânio varia entre as diferentes famílias. Enquanto o crânio das tartarugas não apresenta fossas temporais, cavidades que permitem a inserção dos músculos mastigadores, o dos crocodilos possui duas. A partir dos crocodilos, observa-se uma evolução craniana no sentido do desaparecimento progressivo das fossas: nos lagartos não existe fossa temporal inferior e nas serpentes perderam-se as duas. A estrutura peculiar do crânio das cobras é responsável pela grande capacidade de abertura bucal desses animais, bastante útil para caçar e engolir presas muito maiores que eles. Essa habilidade é complementada pela capacidade que as serpentes também apresentam de dilatarem sua cavidade corporal graças à flexibilidade das costelas, integradas por segmentos articulados entre si.
Nos répteis, a cavidade bucal é independente da nasal. De grande importância adaptativa, essa diferenciação permite que as fossas nasais se estruturem e desenvolvam de forma mais perfeita. O número de vértebras é muito elevado em algumas espécies -- nas serpentes, por exemplo, pode ultrapassar 300, como ocorre com as pítons. Os dentes são implantados em alvéolos ou estão ligados diretamente ao osso. Sua função básica é a de reter a presa enquanto o animal a devora. As tartarugas não têm dentes. A língua dos lagartos e serpentes é bastante desenvolvida. No camaleão, ela é muito comprida e enrola-se em espiral numa cavidade, de onde é projetada para o exterior para capturar os insetos de que esse animal se alimenta. Também é característica a língua bífida das serpentes. Ao retrair-se, a língua fica localizada perto de um órgão olfativo especial, chamado órgão de Jacobson, com o qual o ofídio detecta diferentes substâncias químicas de natureza orgânica liberadas pelas possíveis presas.
Os répteis são animais predadores. Alguns deles, como é o caso das serpentes, desenvolveram glândulas capazes de produzir eficazes compostos tóxicos. Nem todas as cobras, no entanto, são venenosas: a aquisição dessa capacidade se detecta em espécies de menor porte, incapazes de apresar a vítima por meios puramente mecânicos. As grandes espécies, como as sucuris, pítons ou jibóias, matam suas presas por esmagamento, enquanto as serpentes menores, como as cascavéis e corais, compensam o menor tamanho com a rápida ação de seus venenos, inoculados por meio de caninos especiais. Em muitos casos, esses caninos apresentam um canal central que os liga diretamente à glândula produtora de veneno.
A respiração, muito mais eficiente que a dos anfíbios, é efetuada por pulmões. Os répteis possuem costelas e músculos intercostais que permitem o aumento da cavidade torácica e a entrada de um volume maior de ar. Algumas espécies, como é o caso das serpentes, apresentam pulmões muito pouco desenvolvidos ou totalmente atrofiados, enquanto outras, como os crocodilos, dispõem de órgãos pulmonares complexos, semelhantes aos dos mamíferos.
Em geral, os sentidos dos répteis não se destacam por sua agudeza, com exceção do órgão de Jacobson, de função olfativa, especialmente desenvolvido nos ofídios, e os receptores de calor das cascavéis, com os quais elas localizam suas presas. Os répteis apresentam um olho pineal ou "terceiro olho", que aparece no embrião antes dos olhos normais e chega a seu pleno desenvolvimento apenas no tuatara da Nova Zelândia, espécie de características arcaicas que constitui uma ordem à parte dentro da classe dos répteis. Esse olho, situado sob a pele do crânio, comunica-se com o exterior por um orifício e é sensível à luz.
Os sexos estão separados e a fecundação é interna. Os répteis reproduzem-se por meio de ovos, que em alguns ofídios se abrem ainda no corpo da mãe (oviviparidade). Os machos possuem pênis ou órgão copulador, que apenas não está presente no tuatara primitivo. Nos lagartos e serpentes, o pênis é duplo. Nas tartarugas e nos crocodilos, existe um tecido erétil que forma os corpos cavernosos, que dotam o órgão copulador da capacidade para manter-se ereto durante a cópula.


Distribuição e ecologia. Os répteis colonizaram tanto o meio aquático, marinho ou de água doce (tartarugas, serpentes marinhas, cobras d"água e crocodilos), quanto a terra firme. Selvas, bosques, pradarias, planícies, estepes ou até desertos são alguns dos habitats conquistados pelos répteis. Em sua maioria, esses habitats são diurnos e algumas espécies, como é o caso de certos sáurios, apresentam comportamento ritual e particularmente agressivo ao chegar a época da reprodução. Muitos se destacam por sua particular resistência à escassez de comida e às condições climáticas desfavoráveis: algumas tartarugas sobreviveram vários anos em cativeiro sem se alimentar.


Classificação. Distinguem-se os répteis em quatro ordens: os rincocéfalos ou tuataras, com um único representante, o tuatara (Sphenodon punctatus) da Nova Zelândia; os quelônios ou tartarugas, também conhecidos como testudíneos, por possuírem uma carapaça em forma de escudo; os escamados, que agrupam os lagartos ou sáurios e as serpentes ou ofídios; e os crocodilianos. As tartarugas se caracterizam pela falta de dentes e por possuírem, no lugar, uma lâmina de natureza córnea que serve para esmagar o alimento. O corpo é protegido por uma concha grossa e dura, formada por duas peças principais: a parte ventral da couraça, o plastrão, e a superior, ou carapaça. Ambas são integradas por uma série de placas ósseas revestidas externamente por escudetes dérmicos. Destacam-se, no Brasil, a presença da tartaruga-da-amazônia, jurará-açu ou arrau (Emys amazonica), cujo macho é o capitari; o jabuti (Testudo tubulata), cuja fêmea é a jabota; o tracajá (Podocnemis unifilis); o matamatá (Chelys fimbriata); e o muçuã (Cinosternon scorpioides).
Os sáurios agrupam um conjunto de répteis cujo aspecto geral é semelhante ao dos lagartos. Entre os mais conhecidos no Brasil estão a cobra-de-duas-cabeças (Amphisbaena alba), ibijara ou, na Amazônia, mãe-de-saúva; a lagartixa (Hemidactilus mabouya); a cobra-de-vidro (Ophiodes striatus); e diversas espécies de lagartos, desde o anão da Amazônia e as taraguiras (Tropidurus torquatus) até o teiú (Tupinambis teguixin) e o sinimbu ou papa-vento, também chamado impropriamente de camaleão, pois os verdadeiros camaleões pertencem à família dos camaleontídeos, não existente no país.
São encontradas na fauna brasileira cobras venenosas, como a cascavel, a surucucu (do gênero Lachesis), a jararaca (Bothrops) e a coral (Micrurus); e não venenosas, como a sucuri (Eunectes murinus), a jibóia (Constrictor constrictor), a caninana (Spilotes pullatus), a cobra-cipó (Herpetodrias sexacarinatus) e a muçurana (Pseudoboa claelia), que devora serpentes peçonhentas. A píton real, que vive na Malásia, talvez seja uma das maiores espécies de cobra do mundo: cresce até 9,8m de comprimento.
Os crocodilianos são, em muitos aspectos, os répteis mais evoluídos, tanto por suas características anatômicas e fisiológicas como por seu comportamento em relação aos filhotes, com os quais estabelecem uma autêntica relação de tutela e proteção. Possuem um músculo que separa as cavidades torácica e abdominal e desempenha uma função análoga ao diafragma dos mamíferos. O coração aparece já dividido em quatro cavidades, duas aurículas e dois ventrículos, traços que contrastam com a aparência primitiva que esses animais exibem. Entre as diversas espécies que integram a ordem dos crocodilianos, estão o jacaré comum, jacaré-açu (Melanosuchus niger), jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), jacaretinga (Caiman crocodilus) e jacaré-coroa (Caiman trigonatus).