Quais cidades, estados brasileiros e países pedem artigo definido?
VOCÊ SABE…
…quando devemos usar os artigos definidos antes dos nomes de cidades, estados brasileiros e países?
É importante lembrarmos que o uso do artigo definido pode mudar o sentido da frase. “Está preso em presídio estadual” é diferente de “Está preso no presídio estadual”. No primeiro caso, o estado tem dois ou mais presídios; no segundo, só há um presídio estadual.
Quanto aos nomes de cidades, estados e países, o problema é sério e merece muito cuidado.
1) São poucas cidades que exigem artigo: o Rio de Janeiro, o
Porto, o Cairo… Os nomes da maioria das cidades são usados sem artigo: São Paulo, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre, Paris, Roma, Lisboa…
Quando o nome da cidade é caracterizado por qualquer expressão, o artigo se torna obrigatório: a progressista Curitiba, a bela Porto Alegre, a antiga Roma, a Paris dos meus sonhos.
2) Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco,
Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe são usados sem artigo. Os demais estados brasileiros exigem o artigo: o Amazonas, o Pará, o Ceará, a Paraíba, a Bahia… Com Alagoas e Minas Gerais, o artigo é facultativo: hoje usamos Alagoas e Minas Gerais (=sem artigo); mas também é correto usar “as Alagoas” e “as Minas Gerais”.
3) A maioria dos nomes de países exigem o artigo: a Argentina, o Brasil, a Alemanha, o Peru, a Espanha, o Uruguai… Mas há um bom número que rejeita o artigo: Israel, Portugal, Cuba, Angola, Moçambique, Cabo Verde…
Como podemos constatar, não há propriamente uma regra.
DÚVIDA DO LEITOR
Agilizar ou agilitar?
Escreve o nosso leitor: “Se num dicionário consta determinado vocábulo, isso não quer dizer que ele seja vernáculo. Especialmente se a formação da palavra está em desacordo com as normas do idioma (agilizar, por exemplo, é horrível; se não escrevemos facilizar, habilizar, devemos escrever agilitar)”.
Discordo. A incorporação de um neologismo se deve ao seu uso consagrado. E a formação de agilizar não está em desacordo com as normas do idioma. Se temos facilitar e habilitar (formadas com o sufixo “-itar”), também temos normalizar e utilizar (formadas com o sufixo “-izar”).
Quando ao uso, não tenho dúvida alguma de que a maioria fala agilizar. Nas poucas vezes em que ouvi alguém dizer “agilitar”, sempre percebi certo mal-estar e aquela desagradável situação: todos olhando para mim à espera de uma reação.
DÚVIDA DO LEITOR
VIGIR ou VIGER?
Observação de um leitor a respeito de um informe publicitário: “O controle de preços dos medicamentos é inconstitucional e é impossível de vigir porque vai contra o princípio da livre concorrência estabelecido pela Constituição.”
O nosso atento leitor tem razão. O verbo vigir não existe. O verbo é viger, sinônimo de “vigorar, ter validade”. Do verbo viger derivam-se o substantivo vigência e o adjetivo vigente: “Durante a vigência do contrato…”; “O prazo vigente é…” Portanto, o correto é dizer que “o controle de preços ainda está vigendo”.
DESAFIO
Qual é o significado de INANIÇÃO?
(a) Absorção pelas vias respiratórias, de vapor de água puro ou misturado a substâncias medicamentosas;
(b) Resultado da privação total ou parcial de alimento, fraqueza, extrema debilidade;
(c) Que nunca se ouviu dizer, extraordinário, espantoso.
Resposta:
Letra (b) = inanição é o estado de inane, que significa “vazio, oco, que nada contém”. Falamos muito de inanição quando nos referimos àquelas pessoas que se encontram em estado de extrema fraqueza por falta total ou parcial de alimentação.
A absorção pelas vias respiratórias, de vapor de água puro ou misturado a substâncias medicamentosas é inalação.
E o que nunca se ouviu dizer é inaudito.
CRÍTICA DO LEITOR
“Todos os pedidos de rede de rádio e TV, de qualquer ministro, é atendido…” e “Não existe, no Brasil, instalações para internação específica de dependentes químicos”.
Observação de um leitor muito atento: “A minha impressão é que há dois grandes culpados pela maioria dos nossos erros de concordância: 1o) a distância entre o sujeito e o verbo; 2o) o sujeito posposto (=sujeito depois do verbo)”.
Concordo com nosso leitor. Ele está corretíssimo:
1o) a distância entre o sujeito e o verbo: “Todos os pedidos…são atendidos…”;
2o) o sujeito posposto (=sujeito depois do verbo): “Não existem…instalações…”
Saiba quando devemos usar os artigos definidos
VOCÊ SABE…
…quando devemos usar os artigos definidos (o, a, os, as)?
No jornalismo em geral, em chamadas e títulos, a tendência é a supressão dos artigos, principalmente os definidos. Há casos, entretanto, que merecem uma atenção especial:
1a) A diferença principal é a intenção de especificar ou generalizar. Quando estou precisando “de trabalho”, significa trabalho em geral, qualquer um; quando estou precisando “do trabalho”, é um determinado trabalho, já citado anteriormente. Fazer referência “a leis” é fazer referência a leis em geral; fazer referência “às leis” é referir-se a determinadas leis.
2a) Antes de nomes de pessoas, é um caso facultativo: eu tanto posso fazer referência “a Paulo” quanto “ao Paulo”. Podemos dizer “casa de Paulo” ou “casa do Paulo”. As duas formas são corretas. Há regiões em que o mais frequente é usar o artigo definido; em outras, o mais usual é a omissão; e existem, ainda, regiões onde o uso do artigo definido caracteriza “intimidade”: casa de Paulo (=pessoa não íntima); casa do Paulo (=pessoa íntima, da família, muito amiga).
Antes de pessoas famosas, jamais usamos o artigo definido: “Marco Antônio foi o grande amor de Cleópatra”; “Romário poderia substituir Ronaldinho”.
No jornalismo, não usamos artigo antes de nenhum nome de pessoa, famosa ou não.
3a) Antes de pronomes possessivos, é outro caso facultativo. Podemos dizer “estamos a seu dispor” ou “ao seu dispor”; “esta é minha decisão” ou “a minha decisão”. O artigo definido só é obrigatório se o pronome possessivo estiver “sozinho” (substituindo um substantivo anteriormente citado): “Sua estratégia é melhor que a minha (estratégia)”.
4a) Antes das horas, o uso do artigo definido é obrigatório: “Trabalhamos das 8h às 20h”. A ausência do artigo altera o sentido. Se “trabalhamos de oito a vinte horas”, estamos dizendo quantas horas trabalhamos. Não estamos definindo a hora quando começamos a trabalhar nem a hora da saída.
5a) Em enumerações, a repetição é obrigatória antes de substantivos que exijam o artigo: “O Fluminense já venceu o Vasco, o Flamengo e o Botafogo”; “Pretende ir ao Paraguai, à Argentina, ao Uruguai e ao Chile.”
DICA DE CONCORDÂNCIA
Concordância Verbal com os pronomes QUE e QUEM:
1a) Quando o sujeito é o pronome relativo “QUE”, a concordância se faz obrigatoriamente com o antecedente (=palavra que está antes do pronome QUE): “Fui eu que falei”; “Foi ele que falou”; “Fomos nós que falamos”.
2a) Quando o sujeito é o pronome relativo “QUEM”, a concordância se faz normalmente na 3ª pessoa do singular: “Fui eu QUEM RESOLVEU o caso”; “Na verdade, são vocês QUEM DECIDIRÁ a data”.
Observe que, se invertermos a ordem, não haverá dúvida alguma: “QUEM RESOLVEU o caso fui eu”; “QUEM DECIDIRÁ a data são vocês”.
Embora pouco usual, não é considerado erro o fato de o verbo concordar com o pronome que antecede o QUEM: “Fomos nós quem RESOLVEMOS o caso.” “Não sou eu quem DESCREVO.”
Observação: quando não houver o pronome QUE, o verbo deverá obrigatoriamente concordar com o núcleo do sujeito (=pronome que está antes da preposição “de”): “UM dos casais já TINHA mais de vinte anos de vida em comum.” “NENHUM de nós dois PÔDE comparecer ao encontro.” “ALGUÉM da equipe RESOLVEU o problema.” “QUAL de vocês CHEGOU em primeiro?” “QUEM dentre nós ESTÁ DISPOSTO a sair?” “MUITOS de nós LERAM o livro.” Nesse caso poderíamos usar “Muitos de nós LEMOS o livro”, se quiséssemos subentender a ideia de “eu também”.
CRÍTICA DO LEITOR
“O minuto das chamadas para celulares custa R$ 0,29 de segunda à sábado entre 21h e 7h”.
A crítica é correta.
1o) Não há crase antes de sábado porque, além de ser uma palavra masculina, estamos falando de qualquer sábado (sem artigo = não definimos o sábado): “de segunda a sábado”;
2o) Estão faltando os artigos antes das horas porque estamos determinando as horas de início e de fim: “…entre as 21h e as 7h. Nesse caso, não ocorre a crase porque não temos a preposição “a”, e sim a preposição “entre”.
DESAFIO
Se as pessoas não foram discretas, é porque houve muitas…
a) indiscreções;
b) indiscrições;
c) indescrições.
Resposta:
Letra (b) = in (=negação) + discrição (=qualidade de quem é discreto). Descrição é o “ato de descrever”.
Discreção não existe.
Entenda as várias maneiras do uso do pronome relativo ‘onde’
Li num bom jornal: “A energia elétrica é o setor da economia onde…”
Leitor quer saber a minha opinião a respeito do uso do pronome relativo “onde”.
Embora alguns estudiosos do nosso idioma já aceitem, não me agrada o uso do pronome “onde” em situações em que o termo substituído não expresse claramente a ideia de lugar.
Frases do tipo “…é a ideia onde o autor se baseou…” e “…ocorreu em maio onde o ministro declarou…” são, na minha opinião, inaceitáveis. No primeiro exemplo, o pronome “onde” está substituindo a palavra “ideia”, que não expressa ideia de lugar. Sugiro usar “…é a ideia em que (ou na qual) o autor se baseou”. No segundo caso, “onde” substitui “maio”, que expressa “tempo”, e não lugar. O correto seria dizer que “ocorreu em maio quando o ministro declarou…”
Se houver a ideia clara de lugar, o pronome “onde” é bem-vindo. No correto verso de Djavan “não sei as esquinas por que passei”, também seria possível dizer “as esquinas por onde (ou pelas quais) passei”.
VOCÊ SABE…
…qual é a origem da palavra manjedoura?
Segundo o mestre Deonísio da Silva, manjedoura deve vir do italiano mangiatoia, cocho onde se põe comida para os animais. Pode ter derivado de manjar (=comer), que tem formas semelhantes no francês manger e no italiano mangiare.
No latim, que deu origem ao português, ao francês e ao italiano, há o verbo manducare, que significa mastigar.
A manjedoura, por ter servido de berço ao Menino Jesus, tornou-se um símbolo cristão.
Manjedoura, portanto, é o lugar (=douro) onde os animais comem (=manjar).
É importante também observarmos o sufixo “-douro”, que aparece em palavras como ancoradouro (=lugar onde o navio ancora, põe a âncora para atracar), babadouro (=tipo de protetor onde a criança baba) e bebedouro (=onde se bebe água).
Com muita frequência ouvimos “bebedor”, em vez de bebedouro. Ora, bebedor é aquele que bebe, e não o lugar.
Por fim, é interessante lembrar que o sufixo “-douro” é variante de “-doiro”. Isso significa que as formas ancoradoiro e bebedoiro também existem. E para o babadouro, o dicionário Aurélio também registra as formas babadoiro e babador. Se você não gostou de nenhuma, pode ainda usar o sinônimo babeiro.
DESAFIO
Que significa circadiano?
a) o que circunda o dia;
b) o contrário de meridiano;
c) o mesmo que cosmopolita.
Resposta:
Letra (a) = circa (= circo, circular, em torno de, em volta de) + diano (=relativo ao dia). Vem do latim circa diem (=em torno do dia).
DÚVIDAS DO LEITOR
1ª) “Seria correto dizer ‘raios solar’, uma vez que o sol é apenas um? A dúvida foi levantada durante um exame.”
A palavra sol vive criando dúvidas quanto à formação do plural. O fato de haver um único sol não impede o seu plural. Quando falamos do sol do amanhecer e do sol do meio-dia, estamos falando de dois o quê? É lógico que são dois sóis diferentes. Ninguém diria “dois sol” diferentes. Outro exemplo é o uso metonímico de sol por dia: “Estão faltando apenas dois sóis para chegarmos”.
Portanto, estão corretíssimos os plurais de girassol e guarda-sol: girassóis e guarda-sóis.
Quanto ao pôr do sol, o caso é diferente. Nesse caso, quando há preposição entre os dois elementos da palavra composta, a regra manda pôr apenas o primeiro elemento no plural: pores do sol.
Com respeito aos “raios solares”, não há o que discutir. Solar, como todo adjetivo, deve concordar com o substantivo a que se junta para qualificá-lo. Como bem argumentou o nosso leitor, se a justificativa do “único sol” valesse, teríamos que dizer “bandeiras brasileira”, pois só há um Brasil.
2ª) “Ele é um dos que VIAJOU ou VIAJARAM ?”
Embora alguns gramáticos considerem a concordância facultativa, nós preferimos usar o verbo no PLURAL, para concordar com a palavra que antecede o pronome relativo QUE: “Ele é um DOS que VIAJARAM.”
O raciocínio é o seguinte: “dentre aqueles que viajaram, ele é um”.
Outro motivo que nos leva a preferir o verbo no PLURAL é a concordância nominal. Todos diriam que “ele é um dos artistas mais BRILHANTES” (=”que mais BRILHAM”). Ninguém usaria o adjetivo BRILHANTE no singular.
Portanto, depois de UM DOS…QUE, fazemos a concordância com o verbo no PLURAL: “Ela foi uma DAS MULHERES que SOCORRERAM as vítimas da enchente.” “É aniversário de um DOS MAIORES HOSPITAIS do país que TRATAM o câncer infantil.” “Uma DAS LINHAS que TRAZEM energia de Itaipu foi desligada ontem.”
Qual é a diferença entre ótica e óptica?
Qual é a diferença entre ÓTICA e ÓPTICA?
Segundo é conceituado dicionário Caldas Aulete, óptica é a parte da física que trata da luz e fenômenos da visão. Pode ser também o estabelecimento que vende ou fabrica instrumentos ópticos, e especialmente óculos e lunetas. O dicionário Aurélio acrescenta a origem: do grego optiké. O opticista é o especialista em óptica.
A verdade, porém, é que, hoje em dia, praticamente todas as ópticas são chamadas de óticas. Será que está errado?
Não. Os nossos dicionários registram a forma ótica como variante de óptica.
A dúvida se deve ao sentido original de ótico: relativo ao ouvido. Vem do grego otikós. Daí a otite, que é a inflamação do ouvido; a otalgia, que é a popular dor de ouvido. O otologista é o médico especializado em doenças do ouvido. Otorrino é abreviação de otorrinolaringologista, que é o especialista em ouvido, nariz e laringe.
Já tivemos o oftamotorrinolaringologista: especialista (logia + ista) em olhos (oftamo), ouvido (oto), nariz (rino) e garganta (laringo). É uma especialidade quase inexistente. Também…um pouquinho mais e já seria um clínico geral!!!
Por fim, de onde saiu esse tal oftalmo? Vem do grego ophthalmo, que significa “olho”. A oftalmologia é o ramo da medicina que estuda os olhos em todos seus aspectos. É sinônimo de oculística. Assim sendo, um oftalmologista ou oftalmólogo é sinônimo de oculista.
Resumindo: a palavra óptica só pode ser usada para os fenômenos da visão e ótica pode ser sinônimo de óptica ou relativo ao ouvido.
Qual é a origem da palavra LEAL? E de onde vem a palavra LEGAL?
Cartas legais de um leitor leal: “1. LEALDADE – Nos bons tempos, esta palavra tinha muito a ver com honradez e ética, e não submissão e conveniência, conforme é hoje empregada pelos políticos. Assim é que um indivíduo leal era aquele fiel ao ideário de um partido ou ao compromisso com sua própria consciência, mas hoje em dia passou a sê-lo apenas ao padrinho que o nomeou para um cargo público. (…) É uma pena notar que uma palavra tão bela como lealdade passou a ser sinônimo de cumplicidade. 2. LEGAL – Muito usada hoje em dia pelos jovens, significando coisa ou pessoa de ótima qualidade, nada tendo a ver com as leis ou com a justiça. Sua origem é latina, a mesma do adjetivo LEAL.”
Como pudemos constatar, LEAL e LEGAL têm a mesma origem. Vem do latim lex,legis, que é a origem de LEI. Portanto, na sua origem, LEGAL é estar de acordo com a lei. Daí outras tantas palavras derivadas: ILEGAL (=que não está de acordo com a lei); LEGALIZAR (=tornar legal, dentro da lei); LEGISLAR (=criar a lei); LEGISLADOR (=quem cria a lei); LEGISLAÇÃO (=conjunto de leis); LEGISLATIVO (=que tem o poder de legislar); LEGISTA (=que conhece ou estuda as leis)…
Quanto ao LEGISTA, é interessante observarmos os comentários feitos pelo professor Deonísio da Silva, no seu livro De onde vêm as palavras: “Legista: o vocábulo é frequentemente utilizado para designar o profissional que se serve dos conhecimentos médicos para esclarecer questões jurídicas. Sua denominação original é médico-legista, já que para o exercício de sua profissão é indispensável o curso de medicina. Mas os costumes consagraram, por economia vocabular, como é de praxe, apenas a segunda palavra.”
Assim sendo, um “cara legal” é “maneiro, bacana, amigo”, mas, pela sua origem, é um cara que só age “dentro dos conformes”.
Leitor contesta:
“Deu nesta coluna, a respeito da concordância no infinitivo: ‘Quando o sujeito está claramente expresso, fazemos a concordância no plural’. E o exemplo: ‘O gerente mandou seus subordinados resolverem o problema’.
Entretanto, está escrito: ‘Deixai vir a mim as criancinhas’, apesar de o sujeito estar claramente expresso. É que, quando a construção se faz com os verbos deixar, mandar, fazer, sentir, ouvir e ver, embora os sujeitos sejam diferentes, o infinitivo não se flexiona.
De sorte que, no exemplo da coluna, o correto seria: ‘O gerente mandou seus subordinados resolver o problema’, já que a construção se fez com o verbo mandar.”
Meu caro leitor, não seja tão radical e não reduza tudo a certo ou errado. Se você consultar uma meia dúzia de gramáticas, certamente encontrará opiniões divergentes a respeito desse assunto. Há quem afirme que o infinitivo obrigatoriamente concordará no plural; outros são radicais ao exigirem o infinitivo não flexionado (=no singular); e muitos, como eu, são mais flexíveis e aceitam as duas formas.
Quando disse “fazemos a concordância no plural”, estava me referindo ao padrão adotado aqui no jornal. Faltou dizer que nós usamos o verbo no plural somente quando o sujeito plural vem expresso antes do infinitivo. Isso não significa que consideremos um erro pôr o infinitivo no singular. Portanto, são aceitáveis as duas formas: “O gerente mandou seus subordinados resolver ou resolverem o problema”. Quanto à frase “Deixai vir a mim as criancinhas”, também preferimos o infinitivo no singular, pois o sujeito está expresso, mas invertido, ou seja, depois do infinitivo.
DESAFIO
Que é neófito?
a) um tipo de folha;
b) novato, principiante, noviço;
c) ignorante, quem não tem cultura e inteligência.
Resposta: letra (b) = neófito, na igreja primitiva, era o indivíduo recentemente convertido ao cristianismo. O prefixo “neo” vem do grego e significa “novo”. Daí o tal de neoliberalismo (=doutrina nova, em voga nas últimas décadas do século XX, que prega a redução do Estado na economia e na esfera social).
Você sabe qual é a origem da palavra economia?
VOCÊ SABE…
…qual é o sentido original da palavra economia? E de onde vem a morfina?
O elemento “eco” vem do grego oikos e significa “casa, lar, domicílio, meio ambiente”. Na sua origem, portanto, economia é a arte de bem administrar a casa. Hoje é a ciência que trata da produção, distribuição e consumo de bens. É a administração do sistema produtivo de um país ou região, ou seja, da “casa” em que vivemos.
Daí a ecologia que é o estudo (=logia) das relações entre os seres vivos e o meio (=eco) em que vivem. Não devemos confundir com “eco” de ecocardiografia e de ecoencefalograma. Nessas palavras, o elemento “eco” vem do grego echos e significa “som, eco”.
A palavra morfina – hoje usada para definir um tipo de droga, de sedativo – vem de Morfeu, que na mitologia grega era o deus dos sonhos, filho de Hipnos – o deus do sono. É por isso que “estar nos braços de Morfeu” é dormir profundamente e sonhar. E a hipnose é um estado mental semelhante ao sono.
Segundo nossos estudiosos, a palavra morfina foi criada na época de Cristo pelo poeta romano Ovídio.
O uso de morfético para leproso é metafórico: a morfina tira a dor, anula os sentidos assim como a lepra, que é uma infecção que produz lesões na pele, mucosas e nervos periféricos. A região afetada pela lepra perde a sensibilidade. É semelhante ao efeito da morfina.
E por fim, é bom lembrar que, no filme baseado na peça teatral “Orfeu do Carnaval”, a atriz Patrícia França, no papel de Eurídice, ao se jogar nos braços do ator Toni Garrido, ficava “despertíssima”, pois os braços eram de Orfeu, e não de Morfeu.
RACIONAR ou RACIONALIZAR?
Racionar vem de ração. É distribuir em rações, é repartir regradamente.
Racionalizar vem de racional (=relativo à razão) + izar (=tornar). É tornar racional. É usar segundo a razão.
Racionar alimento, água, luz elétrica ou gasolina significa limitar a
distribuição e o consumo de alimento, de água, de luz elétrica ou de gasolina.
Racionalizar o consumo de energia elétrica significa tornar mais eficientes os processos de consumo, ou seja, ensinar meios para que a energia elétrica seja consumida de um modo racional (=usando a razão, com consciência), sem desperdícios, sem abusos, com sabedoria (=sem ignorância).
ADMITIR é RECONHECER ou PERMITIR?
Internauta diz ter lido num bom jornal: “Vaticano admite estupro de freiras por religiosos”. Quer saber se a frase está correta.
Não é uma questão de estar correta ou não. O problema é que o uso do verbo admitir causa ambiguidade, pois “admitir” significa tanto “reconhece, confessa” como “aceita, permite”.
A intenção de quem escreveu era dizer que o Vaticano reconhece que houve estupro de freiras por religiosos, mas ficou parecendo que “o Vaticano permite estupro de freiras por religiosos (=permite que freiras sejam estupradas por religiosos)”, o que seria um absurdo. Não há dúvida de que a escolha do verbo “admitir” foi infeliz.
MAIOR ou MENOR facilidade?
Leitor me garante que ouviu: “Houve época em que o Brasil não encontrava a menor facilidade para golear o México. Há na história pelo menos duas grandes goleadas.”
Ele tem razão. Houve uma visível confusão com as palavras “não”, “menor” e “facilidade”. Ou havia a maior facilidade ou “não havia a menor dificuldade” para golear o México.
Pior mesmo é o vexame da derrota.
DESAFIOS
1) Que significa impugnação?
a) contestação;
b) procrastinação;
c) postergação.
2) Que é basofobia?
(a) medo de cair quando anda;
(b) aversão a tudo que é básico;
(c) medo de não evoluir na vida profissional.
Respostas dos DESAFIOS:
1) Letra (a) = ato ou efeito de impugnar; contestação. Impugnar é pugnar
contra, opor-se a, refutar, contestar. Procrastinação e postergação são sinônimos de adiamento.
2) Letra (a) = basofobia é o mesmo que basifobia, que é o medo mórbido de cair, ao andar.
Você sabe o que é uma rerratificação? E um factoide?
VOCÊ SABE…
…o que é uma rerratificação?
Rerratificação é um neologismo já registrado em nossos dicionários mais atuais e no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras. Vem de (re)tificar + ratificar. É a ação de retificar em parte uma certidão, contrato, etc., e ratificar os demais termos não alterados.
É um termo muito usado na área jurídica. Em linguagem mais simples, rerratificar é corrigir ou alterar (=retificar) parte de um documento e confirmar (=ratificar) o restante.
Não significa, como alguns imaginam, uma “nova ratificação”. Não é uma “reconfirmação”. Rerratificar não é “ratificar de novo”. O elemento “re” vem do verbo retificar (=corrigir, alterar); não é, portanto, o prefixo “re” (=novamente), que aparece em palavras como refazer, rever, repor…
É importante lembrar a “velha” distinção entre retificar e ratificar. Retificar é “tornar reto, corrigir, consertar, reparar, alterar” e ratificar é “confirmar, validar, comprovar, corroborar”.
Pode ser muito perigoso confundir um com outro. Imagine se um colega de trabalho é demitido por ter cometido uma infinidade de erros. Aí, você é designado para substituí-lo. E no seu primeiro relatório escreve: “Ratifico todos os erros do meu antigo companheiro”. Sabe o que vai acontecer? Ora, “vai para rua” também. Na verdade, você deve ter retificado (corrigido) todos os erros, e não ratificado (confirmado). E, para quem tem automóvel, confundir retificar com ratificar é um absurdo, pois quem já teve problemas sérios no motor do seu carro deve ter procurado uma retífica de motores. Numa “ratífica” é que ninguém conseguiu entrar até hoje por uma razão muito simples: não existe.
Re-ratificação OU rerratificação?
Carta de um leitor: “Etimologicamente, a expressão re-ratificação é formada pelos parônimos : 1- retificação (corrigir, alterar, modificar) e 2- ratificação (confirmar, referendar, homologar). Ambos, combinados, formariam uma palavra composta, que, em si, numa referência específica, traduziria alguma coisa ou algum detalhe em especial que está sendo alterado, referendando-se, porém, o espírito global daquilo que fora anteriormente acertado, geralmente em contrato formal. Assim não pode/poderia ocorrer o processo de aglutinação, através da adição da sílaba ‘re’ (elemento foneticamente reduzido de retificação) ao vocábulo ratificação, pois ambos os termos sustentam a sua independência semântica, sem prejuízo da inerente intenção de modificar-se algum detalhe específico e, simultaneamente, homologar-se a essência do que havia previamente contratado. Dessa forma, poder-se-á concluir que o hífen não é facultativo.”
Concordo com boa parte dos comentários do nosso leitor e respeito os seus argumentos, mas tenho uma boa e uma má notícia: 1a) a boa é que ele tem razão quando afirma que o uso do hífen, nesse caso, não é facultativo; 2a) a má é que, segundo os nossos dicionários (Aurélio, Michaelis) e o Vocabulário Ortográfico da ABL, que tem força de lei, a grafia oficial é sem hífen: rerratificação.
Eu, particularmente, tenho certa aversão ao hífen, talvez por amar a língua espanhola, que aboliu o hífen e não sente saudade alguma.
É importante lembrar, também, que o novo acordo ortográfico RATIFICOU o uso do prefixo “re-“ sempre junto. Devemos escrever sem hífen, independentemente da letra que começa a palavra primitiva: reerguer, reenviar, reeleição (vogais iguais); reaver, reabitar (o “h” desaparece); ressalgado, ressurgir (com dois esses), rerradiação, rerratificar (com dois erres).
DESAFIO
Que é um factoide?
a) uma grande mentira;
b) um fato, verdadeiro ou não, divulgado com sensacionalismo para gerar impacto na opinião pública;
c) uma falsa denúncia usada para incriminar o concorrente.
Resposta do DESAFIO:
Letra (b) factoide = facto (fato, acontecimento) + oide (próximo, semelhante). É um termo muito usado no meio político. O factoide é sempre divulgado de um modo sensacionalista, com o propósito deliberado de impressionar o povo.
Factoide OU factóide?
Segundo o novo acordo ortográfico, as palavras paroxítonas que recebiam acento agudo devido ao timbre aberto dos ditongos “éi” e “ói” PERDERAM o acento gráfico: ideia, assembleia, europeia, ateia, Coreia, epopeia, colmeia, centopeia; heroico, joia, boia, jiboia, apoia, esferoide, asteroide, debiloide, factoide.
É interessante lembrar que esse acento agudo foi mantido nas palavras oxítonas: papéis, anéis, pastéis, quartéis, coronéis, painéis, tonéis; herói, dói, mói, rói, lençóis, anzóis, faróis.
E não esqueça que Méier e destróier continuam com acento agudo porque são paroxítonas terminadas em “r”. Recebem acento gráfico pelo mesmo motivo de repórter, éter, mártir, caráter, contêiner, hambúrguer… A regra das paroxítonas não foi alterada pelo novo acordo ortográfico.
Você vai ‘de encontro a’ ou ‘ao encontro de’? Entenda a diferença
DE ENCONTRO A ou AO ENCONTRO DE?
Um internauta afirma ter lido, há muito tempo, num bom jornal: “A missão a que a CBF se propõe vai de encontro às ideias do presidente da CPI”.
Observação do atento leitor: “A missão a que se propunha a CBF coincidia com a ideia do presidente da CPI.”
Se a ideia coincide, “a missão a que a CBF se propõe vai ao encontro das ideias do presidente da CPI”, e não de encontro a.
Lembrando:
“Ir de encontro a” é “ir contra”;
“Ir ao encontro de” é “ir a favor”.
Se o carro se chocou contra o poste, “o automóvel foi de encontro ao poste”; se um bêbado cambaleante, com uma garrafa de cachaça na mão, abraça-se ao poste para não cair e assim salvar a “pinga”, significa que ele foi “ao encontro do poste”.
TODO ou TODO O?
Não gosto de criticar linguagem publicitária, mas foram tantas críticas…
É a propaganda de um curso de inglês: “Aluno novo paga meia em todo Brasil”.
Os nossos leitores têm razão. Faltou o artigo definido: “em todo o Brasil”, pois se trata do Brasil inteiro. Sem artigo, significaria “qualquer Brasil”, o que é um absurdo.
Lembrando:
1. Todo (sem artigo) significa “qualquer”: “Todo país deve preservar a natureza” (=qualquer país, todos os países).
2. Todo o (com artigo) significa “inteiro”: “Neste domingo haverá vacinação em todo o país” (=no país inteiro).
Se você faz toda obra, significa “qualquer tipo de obra”; se você fizer toda a obra, entende-se “a obra inteira”. Há muita diferença entre beijar “todo colega de trabalho” e “todo o colega de trabalho”. É bom tomar cuidado.
E quanto à propaganda, mais estranho ainda é o fato de alunos novos só pagarem meia. Devo entender que alunos antigos, que se matricularam na época devida, vão pagar o dobro?
VOCÊ SABIA…
…que Florianópolis significa cidade de Floriano, em homenagem ao Marechal Floriano Peixoto?
Um grande amigo, professor de História, hoje morador de Florianópolis, disse ter ficado indignado ao saber dessa versão, pois não nutre lá muita simpatia pelo nosso Marechal Floriano.
Pediu para não ser identificado e afirmou: “Se for verdade, adoto de vez a forma popular Floripa”.
Então, meu amigo, sinto informar que hoje você é um ilustre morador de Floripa, forma abreviada e carinhosa.
É importante lembrar que o elemento grego “polis” significa “cidade”. Encontramos em vários exemplos, como Teresópolis (=cidade de Teresa) e Petrópolis (=cidade de Pedro, o imperador).
Interessante é o caso da palavra metrópole, que vem do grego metrópolis e significa “cidade mãe, cidade principal, cidade grande”. O metrô vem do francês métro, que é a abreviação de métropolitain, que, por sua vez, é a forma reduzida de chemin de fer métropolitain. O metrô é um meio de transporte típico de cidades grandes.
Merece destaque também a palavra cosmopolita, que se refere ao indivíduo que ora vive num país, ora noutro, adotando seus usos e costumes. É o cidadão do mundo. Um lugar cosmopolita é aquele que apresenta aspectos comuns a vários países. Vem do grego kósmos (=mundo, universo) + polis (=cidade).
E quem nasce em Salvador pode ser salvadorense, mas a maioria prefere ser soteropolitano, que vem de Soterópolis, do grego sotérion (=salvação) + polis (=cidade).
DESAFIOS
1) Que significa impávido?
a) que não tem pavor, destemido;
b) indiferente à dor, imune às paixões;
c) predileção por coisas antigas, aversão ao progresso.
2) Que é lábaro e pendão?
a) grande pêndulo;
b) bandeira, flâmula;
c) céu, abóbada celeste.
Respostas dos DESAFIOS:
1) letra (a) – impávido = im (negação) + pavor. Diz o nosso hino: “Gigante
pela própria natureza. És belo, és forte, impávido colosso”. Isso significa que o Brasil é gigante, é belo, é forte, é um colosso destemido, que nada teme, que nada lhe causa pavor. Indiferente à dor e imune às paixões é impassível. E predileção por coisas antigas e aversão ao progresso é imobilismo.
2) Letra (b) – também aparecem no nosso hino. O “lábaro estrelado” é a
bandeira nacional cheia de estrelas, que representam os estados da federação. Pendão aparece também no início do Hino à Bandeira, de Olavo Bilac: “Salve lindo pendão da esperança…” Isso significa que lábaro, pendão, flâmula e bandeira são palavras sinônimas.
Você sabe por que o contracheque é chamado de holerite?
VOCÊ SABE…
…o que é um holerite? E qual é a sua origem?
Em algumas regiões brasileiras, principalmente em São Paulo, os empregados recebem o holerite. Na maior parte do país, em vez de holerite, recebemos o contracheque, aquele documento emitido por firma comercial ou repartição pública no qual se especifica o ordenado bruto do funcionário e respectivas deduções.
A palavra holerite já aparece registrada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras. Se você quiser saber a origem, vá ao dicionário Aurélio. Lá você não encontra a palavra holerite como sinônimo de contracheque, mas descobre a sua origem: “hollerith – de Herman Hollerith (1860-1929), inventor norte-americano, criador de um equipamento eletromecânico para contagens e tabulações estatísticas, que funcionava com cartões perfurados.”
Recentemente ficamos sabendo da tal máquina hollerith no triste episódio do envolvimento da IBM com os nazistas.
É interessante observarmos novamente a sequência: Herman Hollerith (nome próprio do inventor) – hollerith (nome da máquina) – holerite (contracheque).
Caso semelhante ocorreu com a palavra xerox: Xerox (nome da empresa) – xerox (máquina) – xerox (fotocópia). Para quem não gosta da palavra, um aviso importante: a palavra xerox já está devidamente registrada não só nos nossos dicionários (Aurélio, Michaelis, Luft…) como também no Vocabulário Ortográfico da ABL. Outra curiosidade: podemos usar xérox ou xerox (paroxítona ou oxítona). E uma observação final: xerox é um substantivo de dois gêneros. Isso significa que podemos dizer um xérox ou uma xérox ou um xerox ou uma xerox. Você decide.
…o que é “fundir a mufa”? E o que significa a expressão “tá pensando que berimbau é gaita”?
a) “Fundir a mufa” é o mesmo que “fundir a cuca”, ou seja, ficar
atônito, tonto, confuso, sem rumo.
b) E se você “tá pensando que berimbau é gaita” é porque está
redondamente enganado.
CUMPRIMENTO ou COMPRIMENTO?
Leitor afirma ter lido: “A descoberta do túnel que já tinha 78 metros de cumprimento ligando a favela do Catiri a Bangu I, no que…”
Comentários do leitor: “Eu fico imaginando os presos se evadindo do presídio pelo tal túnel e lá na saída, à porta, um carcereiro, aí sim, cumprimentando-os com votos de boa viagem e voltem sempre. Vão todos de jatinho, ou, quem sabe, de já tinha…”
A essa altura do campeonato, confundir cumprimento com comprimento é um erro imperdoável.
Lembrando aos desavisados:
a) Comprimento refere-se a “extensão, dimensão, tamanho, grandeza”: “O
túnel tinha 78 metros de comprimento”;
b) Cumprimento é o ato de cumprir e a saudação: “Morreu no cumprimento
do dever”; “O leitor merece os nossos cumprimentos”.
Quanto ao “já tinha”, o nosso leitor está sendo um pouco rigoroso.
Ele critica um possível cacófato, aquela união de duas palavras que forma uma terceira de som desagradável, do tipo “boca dela”, “ela trina”, “havia dado”. Mas veja o que diz o grande mestre Napoleão Mendes de Almeida sobre o assunto: “Só haverá cacofonia quando a palavra produzida for torpe, obscena ou ridícula. É infundado o exagerado escrúpulo de quem diz haver cacófato em por cada, ela tinha e só linha.” No mesmo caso estão, a meu ver, “uma mão” e “já tinha”.
DESAFIOS
1) Que significa hipotermia?
a) diminuição excessiva da temperatura normal do corpo;
b) pressão baixa;
c) excessiva elevação da temperatura do organismo.
2) Que significa falácia?
a) falsidade, engano, trapaça;
b) falação, ato de falar fluentemente;
c) discurso, oratória.
3) Que é hipertrofia?
a) insuficiência nutricional; diminuição da vitalidade;
b) desgaste ou diminuição de tamanho de célula, tecido, órgão ou estrutura do corpo;
c) aumento de tamanho de órgão; desenvolvimento excessivo.
Respostas dos DESAFIOS:
1) letra (a) = hipo (baixo, pouco) + termia (temperatura). Pressão baixa é
hipotensão. E hipertermia é a excessiva elevação da temperatura do corpo.
2) letra (a) Falácia é a qualidade de falaz. Um argumento falaz é “falso,
enganoso”.
3) letra (c) = o prefixo grego “hiper” significa “grande”. Corresponde ao
prefixo latino “super”. Daí o supermercado e o hipermercado. Um órgão hipertrofiado é aquele que aumentou excessivamente o seu tamanho. O desgaste ou diminuição de um órgão é atrofia. E abiotrofia ou hipotrofia é a insuficiência nutricional, a diminuição da vitalidade com perda da resistência física.
Por que quem nasce no estado do RJ é chamado de fluminense?
VOCÊ SABE…
…qual é a origem da palavra nepotismo? E por que quem nasce no estado do Rio de Janeiro é fluminense?
Já vimos, mas é sempre bom repetir. Carioca vem do tupi e significa “casa de branco”. Refere-se à cidade do Rio de Janeiro. Quem nasce no estado do Rio de Janeiro é fluminense, que vem do latim flumine (=rio) mais o sufixo -ense (=natural). É por isso que água de rio é água fluvial. O adjetivo fluvial refere-se a rio. Um fluviômetro, por exemplo, é o instrumento que mede a altura das enchentes dos rios. Navegação fluvial é navegação em rios. Não devemos confundir fluvial com pluvial, que se refere a chuva. Um pluviômetro mede a quantidade de chuva caída num determinado lugar. Daí o índice pluviométrico da região.
Quanto ao nepotismo que infesta os nossos noticiários, a expressão tem uma origem curiosa. Nepotismo vem do latim nepote, que significa “sobrinho”. Segundo nossos estudiosos e interessados em etimologia, a expressão vem do século XV, quando alguns papas favoreciam seus parentes com cargos importantes. O mais citado é o papa Alexandre VI que, durante seu pontificado, teria favorecido sistematicamente seu filho (ou seria sobrinho?) César Bórgia.
Hoje em dia, a expressão nepotismo continua sendo usada com referência ao favorecimento de parentes. É quando um político se vale do seu cargo público para ajudar parentes com empregos ou outras vantagens. Talvez nem tudo seja verdadeiro, mas uma certeza nós temos: a expressão nepotismo apresenta uma terrível carga negativa.
PLANT ou PLANTA?
Leitor afirma ter lido num bom jornal: “O navio britânico zarpou na noite de anteontem de Chergurg na França rumo ao Japão com 192 contêineres de resíduos vitrificados japoneses reprocessados na planta da Companhia Geral de Materiais Nucleares (Cogema) em La Hague.”
Comentário do leitor: “Há algum tempo venho observando reportagens e matérias traduzidas com cognatos traduzidos ao pé da letra, comprometendo muitas vezes o sentido da informação divulgada. Assim, a palavra plant, que significa ‘fábrica’, foi traduzida como planta.”
O nosso atento leitor tem razão. A tradução de plant por planta, em vez de fábrica, parece que virou moda. Em português, planta é planta, fábrica é fábrica. Assim sendo, dizer “chão de planta” por “chão de fábrica” é puro modismo.
Outro exemplo que se encaixa nesse caso é o uso de “pontual” por “específico”: “Temos problemas pontuais para resolver”. Ora, “problemas pontuais” são problemas específicos. Pontual, em português, é quem cumpre o horário estabelecido, quem chega na hora marcada.
Não faz muito tempo, ouvi numa rádio: “Os atrasos nos aeroportos de São Paulo são pontuais”. Isso é coisa de maluco! Será que os atrasos estão cumprindo os horários estabelecidos?
FLUZÃO ou FLUSÃO?
Dúvida de uma leitora do tricolor carioca: “É que a nossa imensa torcida anda com uma daquelas dúvidas cruéis: qual é o aumentativo de FLU? FLUZÃO ou FLUSÃO?
Primeiro, lembremos a regra dos sufixos.
a) Usamos o sufixo “-inho” quando a palavra possui a letra “s” na
sua raiz: mesa – mesinha; casa – casinha; coisa – coisinha; lápis – lapisinho; tênis – tenisinho.
b) Quando não há a letra “s”, devemos usar o sufixo “-zinho”: pé –
pezinho; café – cafezinho; flor – florzinha; balão – balãozinho; papel – papelzinho.
Assim sendo, pergunto: qual é diferença entre um paisinho e um paizinho? Simples, paisinho é um pequeno país e paizinho é diminutivo de pai, é o “painho”.
Como a regra deve ser aplicada para os diminutivos e para os aumentativos, o nosso grande FLU só pode ser o FLUZÃO.
DESAFIOS
1) Qual é o significado de transgênico?
a) organismo que possui um ou mais genes provenientes de outra espécie;
b) formação de nova espécie por meio de mutações;
c) indivíduo que deseja pertencer ao sexo oposto.
2) Que é infligir?
a) torturar, atormentar;
b) aplicar, imputar;
c) violar, transgredir.
Respostas dos DESAFIOS:
1) letra (a) = trans (=mudança) + geno (=gene). Formação de nova espécie por meio de mutações é transmutação. Indivíduo que deseja pertencer ao sexo oposto é transexual.
2) letra (b) = Infligir penas, multas ou castigos significa “imputar penas, aplicar multas, impor castigos”. Torturar ou atormentar é afligir. E violar ou transgredir é infringir.
Veja o que significa o elemento ‘dromo’ de sambódromo
CURIOSIDADES ETIMOLÓGICAS
Qual é a origem da palavra piscina? E o que significa o elemento “dromo” de autódromo, hipódromo, sambódromo e camelódromo?
1) Piscina vem de peixe. Na sua origem, piscina é um “viveiro de peixes”. É um reservatório de água onde era comum criar peixes. Hoje em dia, designa também um tanque artificial para natação. Em razão disso, nós fomos para a piscina e pusemos os peixes no aquário, que vem de água. Além da piscina, é bom lembrarmos outras palavras derivadas de peixe: pisciano (quem nasce sob signo de Peixes); piscicultura (arte de criar e multiplicar peixes); pisciforme (que tem forma de peixe); piscoso (lugar em que há muito peixe).
2) Dúvida de leitor: “O elemento de composição dromo, de origem grega, tem o significado de “lugar para correr”, como atestam os bons dicionários. Assim existem as palavras autódromo, velódromo, hipódromo… Entretanto, o popular, nos últimos anos, fez a criação infeliz de sambódromo, camelódromo, para designar, respectivamente, o lugar onde as escolas de samba desfilam e o lugar onde se reúnem os camelôs. Esses neologismos, que estão sendo incorporados ao idioma, não poderiam ser de pior qualidade, já que o que se faz num sambódromo e num camelódromo não é nenhuma corrida.”
A crítica do nosso leitor se deve à alteração do sentido original do elemento “dromo” (=pista, lugar para corridas). Daí o autódromo, que é o local próprio para corridas de automóveis; o hipódromo, que é a pista para corrida de cavalos; velódromo, para corridas de bicicletas.
Hoje em dia, “dromo” passou a designar apenas o “lugar”, e não mais a pista: sambódromo é o lugar para os desfiles de escolas de samba (não há a necessidade de nossos sambistas desfilarem “correndo”); camelódromo é o local próprio para os camelôs venderem suas mercadorias (lá, os camelôs não precisam fugir “correndo”); fumódromo é o local apropriado para os fumantes (não significa que é preciso fumar “correndo” para voltar logo ao trabalho).
A língua é viva. Em razão disso, não há nada errado em uma palavra ou elemento formador ganhar novos sentidos e usos. É dessa forma que as línguas evoluem e se transformam com o passar dos tempos. A língua portuguesa que falamos hoje não é a mesma dos nossos avós, não é a mesma dos tempos de Machado de Assis e José de Alencar, muito menos da época de Camões.
As mudanças fazem parte da evolução das línguas vivas. Isso é natural.
Quem COMPOR ou COMPUSER?
Leitora afirma ter lido num bom jornal:: “…porque define qual é a chapa oficial – quem compor outra chapa…”
Observação da espantada leitora: “Quem compor ????????”
A nossa atenta leitora tem razão. Não é a primeira vez que observo esse tipo de erro. Devemos usar o verbo no futuro do subjuntivo, e não no infinitivo: quem compuser, quem fizer, quem souber, quem for, quem disser…
DESAFIO
Qual é o significa da palavra topônimo?
Topônimos são…
a) nomes de origem indígena;
b) nomes de lugares;
c) nuclídeos que têm o mesmo número atômico.
Resposta do DESAFIO:
Letra (b) = topo (lugar) + onimo (nome).
Topônimos são os nomes próprios de lugares: América, Brasil, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Serra do Mar, Cabo de Santo Agostinho…
CAPOTAMENTO ou CAPOTAGEM?
Leitor: “Gostaria de pedir sua opinião sobre uma questão que me incomoda. Recentemente, um grande jornal publicou uma manchete de primeira página: ‘Capotamento mata seis na Br…’
Ora, argumentei com um amigo meu, jornalista do tal periódico, o certo seria ‘Capotagem mata…’ E o colega disse que não está errado, pois todo mundo emprega ‘capotamento’. Pedi que consultasse um dicionário, mas não o convenci que ‘capotamento’ é um desastre que não pode acontecer. Mas lembrei-me de ter ouvido esse termo até numa edição do Jornal da Globo. Qual é seu veredicto a respeito?”
Segundo os nossos dicionários e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras, o ato de capotar é capotagem, mas a forma CAPOTAMENTO já aparece registrada em alguns dicionários.
É bom lembrar que, para formar substantivos derivados de verbos, podemos usar os sufixos “-ção” (anulação, colocação), “-mento” (julgamento, deslocamento) ou “-agem” (contagem, aprendizagem). E há palavras que admitem duas formas variantes: aparição e aparecimento, monitoração e monitoramento, lavação e lavagem…
Assim sendo, podemos aceitar CAPOTAGEM e CAPOTAMENTO.
fonte: http://g1.globo.com/platb/portugues/
Nenhum comentário:
Postar um comentário