sexta-feira, 31 de maio de 2013

ESTUDO DAS MUTAÇÕES - GENÉTICA - Biologia - Trabalho Escolar


O ESTUDO DAS MUTAÇÕES

Em uma população, os organismos dotados do melhor conjunto de características têm maiores condições não apenas de sobreviver como também de se reproduzir e passar as suas características para as gerações futuras. Esse é um aspecto fundamental da evolução: a taxa diferencial de reprodução. Seres mais aptos devem gerar maior quantidade de descendentes, de tal forma que suas características tendem a predominar, com o passar das gerações.

Vamos analisar uma seguinte situação concreta: em um lugar de clima frio, onde neva com freqüência, há uma espécie de pombos de plumagem castanha. Essas aves são predadas por carnívoros que habitam a região. Em um dado momento, surge uma ave mutante, cuja plumagem é branca. Como a sua coloração é igual à da neve, consegue passar despercebida e escapar dos predadores. Cruzando com outras aves, origina descendentes com plumagem branca. Essas aves têm menor probabilidade de serem devoradas e maior probabilidade que as demais de alcançarem a idade fértil e se reproduzir. Geração após geração, plumagem branca passa a predominar, até que todas as aves da região sejam brancas.

Essa mesma mutação seria catastrófica se ocorresse em uma outra região, como em uma floresta, onde as aves brancas seriam reconhecidas com mais facilidade. Há dois aspectos relevantes:

· O ambiente não determina a ocorrência de uma mutação específica. A ave não se tornou branca porque o ambiente é branco! O ambiente exerce papel de seleção, eliminando os indivíduos portadores de características desfavoráveis e privilegiando os que têm aspectos favoráveis. Esse crivo que determina a permanência ou o desaparecimento das características é a seleção natural.

· Para que se possa dizer se uma mutação é favorável ou desfavorável, precisamos conhecer quais são as exigências do ambiente. Uma mesma mutação pode ser muito favorável, em uma região, e uma tragédia, em outra região! Uma característica que, em uma certa situação, é favorável e aumenta a chance de sobrevivência do portador é uma característica adaptativa.



1. Mutações gênicas

São aquelas em que apenas um locus gênico é afetado. Constituem as principais responsáveis pelo surgimento de novas características, dentro das espécies. Todos os alelos surgem um dos outros graças à ocorrência de mutações gênicas.








O tipo mais freqüente envolve as chamadas mutações pontuais, substituições de um nucleotídeo por outro, na molécula do DNA, durante a replicação. Tomemos um exemplo, partindo de um fragmento de DNA com a seguinte seqüência de nucleotídeos:



A T T G T A G A T T G G C C A

T A A C A T C T A A C C G G T



Esse fragmento de DNA pode transcrever o RNAm com a seqüência



A U U G U A G A U U G G C C A



Separando de três em três nucleotídeos (pois cada códon representa um aminoácido), teríamos os seguintes códons, com os correspondentes aminoácidos:




Caso o terceiro nucleotídeo do filamento de DNA (adenina-nucleotídeo) seja substituído por citosina-nucleotídeo, isso fará com que o códon AUU seja alterado para AUG. Na proteína produzida, em vez de uma molécula do aminoácido isoleucina, entrará uma molécula de metionina.

Na doença conhecida por anemia falciforme, ocorre a substituição de um aminoácido na molécula da hemoglobina, pigmento transportador de oxigênio, no sangue: no lugar de um ácido glutâmico, os portadores dessa anemia apresentam uma valina. Toda a configuração espacial da hemoglobina se altera, bem como a sua capacidade de transporte de oxigênio. Os glóbulos vermelhos portadores da hemoglobina anormal têm a forma de uma foice, e não a sua forma normal.



2. Mutações cromossômicas estruturais

Caso uma alteração afete um cromossomo inteiro, ou mesmo lotes inteiros de cromossomos, é chamada aberração ou mutação cromossômica, que podem afetar a quantidade de cromossomos ou a estrutura dos cromossomos, sendo classificadas, respectivamente, em estruturais e numéricas.

Nas mutações estruturais, não há modificação na quantidade de cromossomos das células, mas na estrutura de um ou de alguns deles.



a) Deleções (ou Deficiências): Consistem na perda de um fragmento do cromossomo, causando a deficiência de um lote de genes. De acordo com a importância desses genes, a deleção poderá ser mais ou menos grave e até mesmo ser incompatível com a vida.





b) Duplicações: Correspondem ao aparecimento, em um certo cromossomo, de um fragmento duplicado contendo alguns genes. Suas conseqüências não são graves como as deficiências, porque não há falta de informações genéticas.





c) Inversões: São pedaços cromossômicos cuja seqüência gênica é contrária à habitual.





d) Translocações: São trocas de fragmentos entre cromossomos não homólogos. Não há perda de genes, mas eles se localizam em uma posição diferente da normal.





3. Mutações cromossômicas numéricas

São alterações na quantidade de cromossomos das células, em que lotes inteiros podem ser encontrados em excesso ou em falta (euploidias), ou apenas um par pode estar comprometido, com a presença ou ausência de componentes (aneuploidias).



a) Euploidias: Nas células humanas, há 46 cromossomos, ou seja, 23 pares de homólogos. Cada conjunto de 23 cromossomos, contendo um representante de cada par, corresponde a um lote n. Euploidias são as aberrações numéricas em que lotes inteiros estão em excesso ou falta.

Tomemos como exemplo as células das drosófilas, ou "mosca-da-frutas", cujas células têm 2n = 8. Caso uma célula somática tenha apenas 4, trata-se de uma haploidia, cuja quantidade cromossômica é representada por n. Se, em uma célula somática, encontrarmos 12 cromossomos, isso pode indicar a presença de um lote cromossômico a mais que o normal, o que se indica por 3n. Essa aberração é a triploidia.

Células com 4 ou mais lotes cromossômicos (4n, 5n, etc.) são chamadas poliplóides. Muitas plantas poliplóides já foram desenvolvidas artificialmente, e várias têm emprego comercial, como melancias e morangos.



b) Aneuploidias: São defeitos quantitativos que afetam apenas um par de cromossomos homólogos, com componentes a mais ou a menos. Resultam de distúrbios na meiose, durante a formação dos gametas. Um determinado par de cromossomos não se segrega, ou seja, não se separa, durante a meiose I, ou o par de cromátides-irmãs não se separa na meiose II.






Comumente, o erro acontece na meiose I, quando não há a disjunção na anáfase I, e resulta em gametas com um cromossomo a mais ou a menos, como pode ser visto na figura anterior. A fecundação envolvendo esses gametas anormais resulta em aneuploidias.

Caso um gameta com um cromossomo a menos seja fecundado por um gameta normal, o resultado será uma célula-ovo diplóide, porém deficiente em um cromossomo. Essa anormalidade quantitativa se chama monossomia, e se representa por (2n - 1).

Na espécie humana, um exemplo já citado de monossomia é a síndrome de Turner (44 autossomos + X0), cujos portadores têm 45 cromossomos nas células somáticas, e falta um dos cromossomos sexuais. São mulheres de baixa estatura e estéreis.

Caso dois gametas portadores do mesmo defeito se encontrem, o zigoto resultante não terá nenhum cromossomo do par afetado. Portanto, são 2 cromossomos a menos em relação às células normais (2n - 2). Essa anomalia é a nulissomia, e não há nenhum caso compatível com a vida, na espécie humana.






Considerando-se a fecundação envolvendo o gameta com um cromossomo a mais, o resultado será uma célula-ovo com um par de homólogos com 3 representantes. Essa mutação numérica é a trissomia, indicada por 2n + 1. Na espécie humana, há diversas trissomias conhecidas:



Síndrome de Klinefelter: 44A + XXY

Trissomia X: 44A + XXX

Síndrome do "Duplo Y": 44A + XYY

Síndrome de Patau: trissomia do 13º par de autossomos

Síndrome de Edwards: trissomia do 18º par de autossomos

Síndrome de Down: trissomia do 21º par de autossomos



A síndrome de Down, também conhecida como mongolismo, determina alguns aspectos fenotípicos característicos: retardo mental de severidade variável, fenda palpebral oblíqua, orelhas com a implantação baixa, prega palmar única, língua grande, etc. Muitas vezes, os portadores da síndrome de Down apresentam malformações cardíacas, distúrbios visuais e doenças respiratórias de repetição.







4. Agentes mutagênicos

As mutações são relativamente raras, aleatórias e geralmente prejudiciais. Acontecem espontaneamente em todas as espécies de seres vivos, sendo chamadas, nesses casos, de mutações espontâneas. Entretanto, há determinados fatores que aumentam a chance de sua ocorrência: são os agentes mutagênicos, fatores físicos ou químicos relacionados com a gênese das mutações. Quando um grupo de organismos é exposto a esses fatores, são desencadeadas mutações induzidas.

Os agentes mutagênicos físicos mais conhecidos são as radiações, como o Raio-X e a radiação ultra-violeta. É bem conhecida a relação entre a exposição aos equipamentos de radiologia ou de radioterapia e a ocorrência de mutações e de diversas formas de câncer, como leucemias. As pessoas submetidas à explosão atômica em Hiroshima, na Segunda Guerra Mundial, sofrem até hoje as conseqüências da exposição à radiação.

Os efeitos mutagênicos das radiações são cumulativos, ou seja, a incidência de mutações se eleva tanto se um organismo for submetido a uma dose única, muito elevada de radiação, como se for submetido a numerosas doses de pequena intensidade, ao longo de um certo tempo.

Alguns dos mais conhecidos agentes mutagênicos químicos são o gás mostarda, o óxido nitroso, alguns corantes alimentares e muitos dos componentes da fumaça dos cigarros, como a acroleína. Alterando o material genético das células mais diretamente expostas, como as células do epitélio das vias aéreas, essas substâncias aumentam significativamente a incidência de câncer de pulmão.

Uma mutação só terá efeitos hereditários caso afete as células germinativas, responsáveis pela produção dos gametas. Nesses casos, as alterações serão transmitidas para os descendentes. Se afetarem apenas as células somáticas, ainda que suas conseqüências sejam graves, como câncer ou leucemia, não são transmitidas e desaparecem com a morte de seus portadores. Cancêr de pulmão associado ao tabagismo e câncer de pele provocado pela exposição excessiva à radiação ultravioleta do sol são alguns exemplos de alterações no patrimônio genético de um indivíduo, que não se transmitem para gerações seguintes por serem somáticas.

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